De rosto fechado, marcado por mais uma derrota dolorosa que deixou o Benfica sem hipótese de erguer uma só taça após uma onda de euforia, Jorge Jesus não se furtou às questões, apresentando explicações para o desaire, mas infletindo o discurso quanto ao seu futuro na Luz.
Corpo do artigo
Entre as declarações logo após o jogo e as declarações na sala de Imprensa, a incógnita permaneceu, tal como a dor por chegar a três decisões para tudo perder.
"Era a nossa segunda final em duas semanas e esperávamos que fosse uma final diferente, isto é, com um final feliz graças à conquista desta taça por parte do Benfica, mas não o conseguimos", observou o treinador dos encarnados, que logo depois apontou o momento do encontro que alterou por completo o rumo dos acontecimentos, quando as águias se encontravam em vantagem e abrandaram o ritmo: "À partida para os últimos 15 minutos, tirámos jogadores que apresentavam algumas dificuldades e, na tentativa de defendermos o 1-0, nalguns momentos do jogo, deixámos de ser pressionantes. Deixámos a equipa adversária sair para o ataque com mais facilidade. A primeira parte só teve o golo do Benfica como história. Fomos sempre mais equipa. Na segunda parte, controlámos o jogo, mas o adversário fez dois golos e acabou por vencer. Quisemos defender a vantagem e houve falta de entendimento na nossa última linha. O Vitória aproveitou e temos que aceitar o resultado."
Pese a resignação, Jorge Jesus não encontrou qualquer relação entre as substituições que operou quando a sua equipa se encontrava em vantagem e a cambalhota que o Vitória de Guimarães depois operou no resultado. Em especial, o técnico do Benfica falou sobre a decisão de retirar de campo o goleador Oscar Cardozo para fazer entrar Urreta. "No último jogo, o Cardozo já saiu em dificuldade física e durante esta semana trabalhou com limitações. Sabíamos que o Cardozo estava num período de cansaço, mas creio que não foi por aí. Os golos surgiram de um mau atraso e depois de um remate em que há um ressalto que acaba por atraiçoar o Artur. Nada tiveram a ver com as substituições, mas com esses dois momentos que descrevi", argumentou o técnico.
Outro assunto dominante no contacto de Jorge Jesus com os jornalistas desde que Jorge Sousa apitou para confirmar o primeiro triunfo vimaranense na Taça de Portugal era inescapável: o futuro do treinador à frente do conjunto benfiquista que estava e continua a estar envolto em incerteza. Minutos após o termo da final, o treinador da formação da Luz preferiu chutar o tema para canto, numa resposta telegráfica: "Agora acabou o jogo, vamos descansar, temos muito que pensar." Porém, foi notória a inflexão no discurso quando Jesus se apresentou na conferência de Imprensa, cerca de vinte minutos depois das palavras proferidas ainda com o calor do jogo bem presente. O treinador voltou, contudo, a não ser esclarecedor. "Desde as últimas semanas tenho falado sobre essa questão com o presidente. Vai continuar tudo na mesma. As coisas estavam mais ou menos definidas antes deste jogo e não tem que ver uma coisa como a outra. Depois de se perder uma final, ninguém fica contente, nem eu nem os adeptos. Há um sentimento de não conquista. Estivemos em duas finais, mas não ganhámos", lastimou.
Foi justamente a ausência de títulos que marcou a despedida de Jesus do Jamor. O Benfica esteve perto de tudo vencer e tudo perdeu. O técnico admitiu: "Não vamos falar em balanços. Para ganhar, tens de estar nas decisões e estivemos em todas. O importante é que chegámos lá, mas o trabalho não foi conseguido porque não chegámos aos títulos. A diferença está aí."
