O treinador de guarda-redes do Rio Ave trabalhou com o guardião do Benfica e com Oblak e vê o brasileiro "seguir as pisadas" do agora jogador colchonero
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Titular à força pela lesão de última hora de Júlio César, Ederson deixou claro no dérbi em Alvalade que não está na Luz para fazer número. O jovem brasileiro respondeu à altura dos acontecimentos e, no detalhe, justificou desde logo uma fatia do porquê da sua contratação. Rui Barbosa chegou ao Rio Ave na mesma época que Ederson (2012/13), precisamente o que ditou o empréstimo de Oblak aos vilacondenses. O treinador de guarda-redes ajudou, pois, ambos a evoluir em simultâneo e é já com o esloveno no Atlético de Madrid que garante ver em Ederson a qualidade para fazer igual ou melhor trajeto. Em declarações a O JOGO, o técnico esmiúça as qualidades do camisola 1 do emblema da Luz.
"A calma e frieza que ele demonstrou em Alvalade não é algo trabalhado. É mesmo dele. É um guarda-redes frio, que está sempre muito concentrado e lê bem o jogo. Sempre tentou abstrair-se do ambiente à sua volta, e também já tinha jogado na Luz, no Dragão... Claro que, trabalhando todos os dias com um guarda-redes como o Júlio César também colhe frutos nesse sentido", começa por analisar Barbosa, partindo para os pontos que vê ainda em maior destaque: "É muito rápido, joga muito bem com os pés, sabe circular a bola no jogo exterior, e é precisamente fora dos postes que creio que mais se destaca, pois é fantástico nos cruzamentos!"
Traçando o paralelo com Oblak, Rui Barbosa não hesita em sublinhar que Ederson "tem tudo para seguir as pisadas" do internacional esloveno. "Pode perfeitamente vir a ter um percurso semelhante e não tenho dúvidas de que vai chegar lá. Só precisa ganhar um pouco mais de maturidade, o que também só acontece com minutos de alta competição. Com 19 anos, o Oblak já jogava muito... O Ederson só jogou agora pela lesão do Júlio César, mas vai agarrar o lugar. Se o Ederson fizer, por exemplo, a próxima época a titular, conquista essa maturidade competitiva", esclarece, assegurando que "o Benfica tem ali o futuro da baliza assegurado".
E se o jovem fez em Alvalade a sua estreia no campeonato de águia ao peito - Júlio César era totalista na prova -, Rui Barbosa vinca que Ederson está habituado a suar por fora. "Treina sempre nos limites, o que nem sempre é fácil quando não se joga regularmente. Pode haver a tentação de baixar um pouco os índices. Mas o Ederson não. No Rio Ave, foi suplente do Oblak na primeira época, depois dividiu a baliza com o Salin [2013/14] e, na última época, com o Cássio. E ele nunca desistiu quando não foi opção. Esteve três anos à espera de ser titular no campeonato pelo Benfica e sei que treina sempre a 200 por cento", elogia.
O segredo para a evolução está também no facto de "ser um menino que gosta de ouvir e acreditar no trabalho". "Por isso é que também está a cimentar o lugar na seleção olímpica do Brasil e agora será titular num clube que luta por títulos, como é o Benfica", remata.