O FC Porto não vence na Luz por mais de dois golos, em jogos do campeonato, desde 1951, mas a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal de 2010/11 já contrariou a história. João Moutinho deu pistas
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A necessidade de vencer na Luz, de preferência por dois golos de diferença, não é novidade para o FC Porto. Em 2010/11, a equipa enfrentava um contexto semelhante, na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, depois de uma derrota no Dragão (2-0) e deu a volta à situação vencendo por 3-1. Desta vez é a questão do título que pode ficar decidida e João Moutinho, que passou pela experiência na altura, explicou em exclusivo a O JOGO como é que se encara um clássico com essa carga suplementar.
Tendo passado por uma situação parecida, de que forma encararam o clássico?
-Não tínhamos opção, tínhamos de marcar dois golos para nos apurarmos para a final. A equipa estava muito focada nisso e confiante de que podia alcançar esse resultado.
Resume-se tudo a uma palavra: marcar?
-É essencial marcar cedo. Por acaso na Taça de Portugal só o fizemos na segunda parte, mas ainda assim resolvemos. Agora, quanto mais cedo marcarem melhor, porque desbloqueia tudo, permite ficar com o controlo do jogo mais cedo e a equipa ganha confiança para gerir o resto do jogo.
Depois da derrota em Munique, o que espera da atitude dos jogadores do FC Porto?
-Não podem perder a confiança, devem manter o estilo, sem perder de vista aquilo que é a equipa no seu todo e as capacidades individuais, jogando aquilo que sabem. É normal que sintam uma certa ansiedade, mas tenho a certeza de que a maior parte dos jogadores já provou ambientes desses e saberá como gerir isso.
Quem vê com capacidade para decidir?
-Quaresma atravessa um bom momento e, sentindo o clube como só ele sente, será uma das principais ameaças. Tem capacidade de sobra para decidir um jogo com esta dimensão, até porque é hoje um jogador mais consciente das responsabilidades que tem na equipa. Além disso, tem vários clássicos nas pernas e saberá lidar melhor do que ninguém com esse ambiente. Mas o FC Porto tem outros jogadores com classe para fazer a diferença, como o Jackson, e ainda há Brahimi, portanto, não faltam argumentos para resolver.
Que peso pode ter a goleada de Munique?
-Pelo que conheço do clube, os jogadores já estão mentalizados para o clássico e bem identificados com a necessidade de tentar alcançar o melhor resultado. É óbvio que o jogo de Munique foi uma grande perda, mas a saída está em dar a resposta no jogo seguinte e procurar alcançar o outro grande objetivo traçado.
Estando na liderança do campeonato, o Benfica parte em vantagem?
-Parte numa posição mais confortável, mas isso é relativo, porque dependerá muito do desenrolar do jogo e não me parece que alguém se vá lembrar das contas durante os 90 minutos. Vão é procurar jogar para ganhar, porque a pressão a isso obriga. Agora, o FC Porto tem um estilo ofensivo atrativo e não tem de mudar nada para ganhar.
Se o FC Porto perder, o título fica entregue?
-Sim, fica. O empate só adiará a questão. Mas aconteça o que acontecer, não me parece que se possa falar de uma época desperdiçada se não ganharem nada, porque têm uma equipa jovem, com jogadores de qualidade, e que no futuro atingirá certamente grandes resultados. Mostraram muita qualidade na Champions e fizeram uma grande campanha.