Leões inibiram-se >> Ao contrário do pedido do seu técnico, a turma de Alvalade não teve nervo nem arte para conservar a vantagem e falhou o primeiro assalto ao topo da I Liga
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Alto aí! Se o topo da I Liga falasse, teria dito isto mesmo ao leão após o apito final no jogo de ontem. O Sporting de Leonardo Jardim travou de súbito uma madrugadora marcha que o poderia ter elevado ao primeiro lugar da tabela classificativa - mesmo que a título provisório -, muito por culpa de um Rio Ave que começa a teimar em não deixar passar a turma de Alvalade sempre que lhe sai ao caminho. Os verdes e brancos começaram melhor, construíram a vantagem, mas os vila-condenses ergueram-se da lona e fizeram o bastante para justificar a igualdade numa partida com salpicos de emoção, polémica, mas sobretudo marcada pela inibição leonina em ir mais além, o tal sentimento que Jardim naturalmente rejeita. O tempo dirá se foi ou não um acometimento momentâneo numa equipa em ano zero, com sete formandos da Academia no onze titular.
Como presumível e atendendo ao seu bom início de temporada, foi o Sporting a ter tudo nos primeiros 25 minutos: maior posse de bola; intensidade e volume de jogo; pressão explicada pela grande agressividade na recuperação e, para corolário, o golo que lhe deu vantagem. Os leões procuraram desde cedo jogar largo, solicitando os seus flanqueadores colocando a bola nas costas da defensiva nortenha. Assim nasceria o golo de Wilson Eduardo, aproveitando uma fífia monumental de Salin com uma vistosa conclusão. Escrevia-se direito por linhas tortas a história do encontro, mas o Rio Ave soube reagir ao golpe. Até então acastelada no seu meio-campo, saindo pela certa, a formação de Nuno Espírito Santo começou a espraiar o seu futebol, ganhando atrevimento, ainda que fosse a oposição a ter maior iniciativa.
Disposta a reverter a situação, a turma de Vila do Conde ameaçou por três vezes entre os minutos 27 e 36. A linha de contenção onde pontificara Tarantini e Wakaso tornou pedregoso o caminho a Adrien e André Martins, médios de transição verdes e brancos. Apesar de o Sporting ainda se conseguir reposicionar defensivamente, o Rio Ave deixou claro que seria preciso muito mais para se render. Antes do final do primeiro ato, o Sporting perdeu Capel por lesão e recolheu aos balneários já com Carrillo a ocupar-se da extrema-esquerda. Como não era tão presumível, os leões entraram bem mais encolhidos para a etapa complementar. Com a qualidade a fugir das botas dos leões e os nortenhos a ganharem confiança, a tendência da partida alterou-se inexoravelmmente. O Sporting emperrou e tinha apenas o seu corredor direito a funcionar em part-time (sempre que Cédric e Wilson Eduardo combinavam). No seu primeiro jogo a seco, Montero foi implacavelmente marcado por Rodriguez e Adrien e André Martins tinham cada vez mais dificuldade em ter bola e circulá-la com critério, tamanho o desempenho tático da turma de Nuno Espírito Santo, que por esta altura já tinha mais remates que o opositor.
Ciente da quebra, Jardim não entrou em atrevimentos e preferiu solidificar o meio-campo lançando Rinaudo e retirando Wilson Eduardo, uma mudança que não trouxe os resultados desejados. Todavia, a frequência das aproximações forasteiras à baliza de Rui Patrício confirmaram o que os mais fiéis à lógica esperavam. Tarantini tornou novamente tudo igual num cabeceamento, colocando justiça no marcador. O banco leonino agitou-se e dele saiu Slimani para adensar a frente de ataque e evitar a segunda perda de pontos em Alvalade. Com o instinto a imperar e a estrutura a perder-se, o encontro acabou por se partir, com várias ocasiões para os dois lados. Momento de maior clamor surgiu a um quarto de hora do fim, quando Carlos Xistra não assinalou uma grande penalidade a favor da turma da casa, aumentando a carga nervosa verde e branca.
Num último suspiro, os leões rondaram o golo da vitória nos descontos, mas o empate assentou bem à organização vila-condense, que assim abrandou uma marcha quase galopante do leão, que tem alguma matéria a rever até ir a casa do (hoje) líder Braga.