Vítor Pereira, bicampeão pelos dragões, passou pelo mesmo e acredita que a SAD não deixará cair o treinador, a quem pede que seja dado tempo
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Desengane-se quem pensa que a Administração do FC Porto está a equacionar a substituição de Paulo Fonseca ao fim de quatro meses de trabalho e meia dúzia de resultados negativos. É esta a convicção de Vítor Pereira, o anterior timoneiro dos dragões que, ao longo das duas épocas em que treinou o clube, também foi alvo de pressões e manifestações de desagrado por parte dos adeptos, mas que sempre sentiu o apoio da estrutura portista que, garante, não se deixa influenciar. "A Liga dos Campeões não está fechada e o FC Porto é líder do campeonato. É impensável deixar cair o treinador, o presidente percebe muito disto, quando confia em alguém não desiste à primeira contrariedade. Quando escolhe um treinador, escolhe uma ideia e apoia-a até ao fim. Os adeptos bem podem contestar que o FC Porto não é clube de ir em ondas", sublinhou Vítor Pereira a O JOGO.
O treinador bicampeão nacional sabe perfeitamente que não é fácil agradar aos portistas, já que ele próprio foi alvo de várias críticas, apesar do sucesso desportivo alcançado no campeonato. Mas vai mais longe na defesa de Fonseca. "Se um treinador tem uma ideia, só tem de acreditar nela e de trabalhar para a impor. Quer dizer, há treinadores que não têm ideia nenhuma, mas não é o caso do Paulo", sustenta, percebendo, porém, o contexto: "Conheço aquela massa associativa, que é extremamente exigente e diferente de todas as outras, porque não convive com a falta de resultados", ressalva, enquadrando: "Nestes momentos, quem manda faz saber de que lado está. Às vezes nem é preciso dizer nada. Mas uma coisa é a confiança que vem de cima, outra é a reação de uma massa adepta que só quer ganhar e ganhar com qualidade. Eu cheguei a ganhar 5-0 ao Nacional e a ser assobiado."
Por isso, Vítor Pereira aponta o único caminho que conhece para tentar reverter a situação que o FC Porto atravessa e que se reflete em apenas uma vitória nos últimos cinco jogos. "É preciso saber viver com isto e continuar a trabalhar. Não se dá a volta a nenhuma situação nem se ganha nada só com um bom discurso", frisou. Nesse sentido, enviou desde a Arábia Saudita um abraço de solidariedade ao seu sucessor. "Às vezes é preciso ter aquela pontinha de sorte porque criam-se oportunidades e não se concretiza", finalizou.