Formação volta a dar cartas: durante dois anos foi deixada à margem, mas volta a ser aposta. O JOGO apresenta quem está na calha para brilhar, recordando quem já esteve e falhou - e porquê
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É a bandeira de sempre em Alvalade, ou não tivessem nascido ali, Futre, Figo, Cristano Ronaldo, só para referir os exemplos maiores, mas também Nani, João Moutinho ou Miguel Veloso, abandonada por dois anos e agora retomada: a formação do Sporting volta a ter representatividade na equipa principal, sob o comando de Leonardo Jardim e O JOGO foi saber quem está na calha para ser lançado ao mais alto nível. E, sendo sobejamente conhecidos os casos de sucesso, procurou o outro lado, os que foram promessas como os que aqui são apresentados, e não vingaram, pelas mais variadas razões. E ficou a saber quais, pela voz de quem acompanhou por dentro o crescimento dos valores emergentes na formação ainda antes da Academia, desde 1999, até 2011, Luís Gonçalves, técnico dos iniciados desde 2002, sagrando-se campeão em quatro ocasiões, comandando todos os exemplos referidos nestas páginas. O deslumbramento, avisa, é o maior perigo para um jovem jogador a ser lançado na alta roda.
"Por vezes, tem muito a ver com a conjuntura e a conjugação de fatores, do que propriamente com o valor intrínseco de cada jogador ou com o seu potencial. Mas a estrutura familiar tem muito peso", considera Luís Gonçalves, que passa a concretizar: "Os pais até podem influenciar negativamente, podem querer que eles sejam as estrelas. Mas depois, em conjunto com os treinadores, os psicólogos e até os empresários, quando os há - e hoje em dia, é cada vez mais difícil que não haja -, mas sobretudo, com a família, é preciso gerir uma série de frustrações, um jogo que corre menos bem, uma sequência de jogos no banco, faz tudo parte de um processo de crescimento e amadurecimento. No caso do Fábio Paim, por exemplo, que tinha um talento enorme e não vingou, ele próprio o reconhece, e não estou a querer desculpá-lo porque em última instância é ele o principal responsável, não teve o acompanhamento adequado. Foi daqueles jovens que passaram por mim com maior talento, era de facto impressionante, mas depois faltou o resto, alguma cabeça. Ele está a tentar agora recuperar o tempo perdido, mas é daqueles casos que podem servir de aviso a quem vem a seguir."
Jardim criou as bases
para explorar novo filão
A forma consistente e convincente como o Sporting se tem apresentado neste arranque de 2013/14, ganha ainda maior relevo atendendo ao retomar do paradigma da aposta na formação. Leonardo Jardim montou a equipa sobre uma base feita na Academia - são seis os jogadores provenientes da formação que compõem o onze-tipo do Sporting - e, além dos titulares Rui Patrício, Cédric, William Carvalho, Adrien, André Martins e Wilson Eduardo, já foram ainda utilizados Eric Dier e Carlos Mané.
"Há muito mérito de Leonardo Jardim, que conseguiu criar uma estrutura sólida, com processos adquiridos e com capacidade para absorver esses jovens valores e poder lançá-los numa equipa que os proteja. E aproveitar a qualidade que existe na Academia, porque a qualidade está lá", começa por referir Luís Gonçalves, que enquadra ainda a aposta atual e futura nos valores da formação na presente conjuntura: "O facto de se estarem a verificar resultados muito positivos dá margem para que se possam lançar jovens valores, mas a verdade é que os miúdos também têm de corresponder, mostrar o seu valor, e penso que isso tem sucedido."
"Às vezes as coisas correm menos bem e o recuo nessa aposta pode criar alguns traumas nos jovens. Recordo que o Rui Patrício era muito contestado quando foi lançado, mas Paulo Bento manteve sempre a sua aposta e hoje ele é o guarda-redes que conhecemos. Pode ainda ter aspectos em que pode evoluir, mas é um guarda-redes de topo", recorda Luís Gonçalves, para confiar: "O Sporting tem soluções mais que suficientes para o futuro, está garantido. Naturalmente, fico bastante satsifeito por ver vários jogadores que treinei nos escalões de formação chegarem à primeira equipa e estarem na calha para se afirmarem e vingarem."