ENTREVISTA - Vítor Baía considera que o FC Porto tem “o melhor treinador português” e acredita que continuará no clube “muito tempo”. A renovação será assinada quando Pinto da Costa entender
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O prolongamento do contrato de Sérgio Conceição foi abordado por André Villas-Boas há um ano, mas Vítor Baía lembra que é Pinto da Costa quem decide o momento certo de o assinar.
A renovação de Sérgio Conceição já foi falada?
- A questão do treinador sempre foi do pelouro do presidente e a relação com o Sérgio é muito próxima. Por isso, quando o presidente achar que é o momento certo, avançará, porque o Sérgio é muito importante para o nosso projeto, pela qualidade de líder, de treinador, pela competência e, acima de tudo, pelo portismo. O ADN tem de estar sempre presente e o Sérgio, nesse aspeto, é de grande importância, porque, para mim, é o melhor treinador português e um dos melhores da Europa.
Mas há o tempo e o próprio desgaste. Continua a ser o treinador ideal para dar continuidade ao projeto?
- O Sérgio é o treinador ideal para estar com este projeto pela forma como vive intensamente a vida do clube. Nós queremos gente assim. Adoramos.
Villas-Boas disse que devia ter renovado depois do jogo com o Inter...
- Isso é uma frase populista. Nós sabemos, e o André também, porque sabe quem o escolheu para ser treinador do FC Porto e sabe que é o presidente que decide o timing e o momento para o fazer.
Sérgio Conceição apresentou recentemente valores do encaixe que proporcionou com a transferência de atletas e as qualificações para as provas da UEFA, ficando a ideia que podia ter existido margem para investir. É assim?
- O FC Porto é uma empresa complexa, onde temos de aumentar cada vez mais as receitas e controlar os custos, mantendo a competitividade da equipa. Essa é a grande base. Vejam, nos últimos três anos, os títulos que conquistámos. É incrível. É a isso que se tem de dar mérito, que é do nosso presidente, do treinador e dos jogadores escolhidos. Como se pode dizer que uma equipa que está na Liga dos Campeões é mediana? Isso é um insulto. Estes jogadores não merecem. São de grande qualidade, grandes profissionais e vamos defendê-los até à morte. São grandes ativos do FC Porto e não podem ser achincalhados, como temos vindo a assistir. O nosso treinador também o disse. Em termos estratégicos, menosprezar ou diminuir a capacidade do nosso treinador também é o objetivo de algumas pessoas. Não o nosso, porque não temos dúvidas nenhumas: o Sérgio é o melhor e, se Deus quiser, vai continuar muito tempo connosco.
Sente que no espaço mediático são tratados de uma forma diferente?
- Não tenho dúvida nenhuma. Mas isso é desde o meu tempo. Fui campeão do Mundo em Yokohama - têm ali mais uma foto - e a referência que fizeram a isso no dia seguinte era mínima. É algo cultural. A proteção que os nossos rivais de Lisboa têm, não tem nada que ver connosco. Mas também foi por isso, através do sofrimento com tudo o que vivenciamos à nossa volta, que nós crescemos. O nosso ADN também vem daí. Os nossos jogadores sabem que o tratamento que nos dão é diferenciado, para pior. Mas temos uma mais-valia muito grande: os adeptos, que são incríveis. Eles dão sempre tudo na defesa dos interesses do FC Porto. São gente de trabalho, de luta, que nunca viram a cara a um bom desafio. Queremos que os jogadores encarnem na perfeição tudo isto e têm-no feito. O treinador já encarna, o presidente também, eu - felizmente, não preciso de o dizer.