Águias entraram a matar e não deixaram de acelerar até resolver a partida. Com isso, e uma exibição de qualidade, ganharam embalo para o embate com os dragões
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Como se de uma resposta se tratasse, e a exemplo do FC Porto, também o Benfica entrou no novo ano a golear, a ganhar confiança e a embalar, em velocidade, para o jogo que se avizinha com os azuis e brancos. Sem margem para contestação, as águias aplicaram uma expressiva chapa cinco a um Gil Vicente inofensivo, sem ideias e demasiado lento para o vendaval ofensivo com que se deparou na Luz. Foram cinco, podiam ter sido mais, mas o que merece realce é a forma artística como os encarnados chegaram ao resultado gordo, o mais expressivo da temporada - depois do 4-3 sobre o Sporting, também para a Taça de Portugal -, com o carrossel no ataque a deixar o adversário de cabeça a andar à roda e sem capacidade de reação.
Nem de propósito, Jorge Jesus havia voltado a falar na nota artística, expressão da qual reclama direitos de autor, embora a tónica tenha sido a falta dela até ao momento. A equipa parece ter percebido a indireta e partiu decidida para uma exibição como há muito não rubricava. Voltando ao esquema com dois pontas de lança - contra o Nacional, Gaitán fez de Rodrigo -, a equipa entrou em cena em velocidade furiosa e o primeiro golo não tardou. Logo aos 3' percebeu-se que o mesmo adversário que no início de agosto fizera sofrer, e muito, as águias - que venceram com dois golos para lá dos 90 minutos - está agora distante do fulgor do arranque da temporada.
Se o 4x3x3 do Gil Vicente se mostrava pouco ou nada dinâmico, principalmente devido à gritante dificuldade de marcação ou acompanhamento das jogadas no meio-campo - Pimenta, Peixoto e Vilela não apresentaram um andamento à altura das exigências -, também no sector mais recuado as desatenções proliferavam. Porque, bem servidos, Gaitán e Markovic abriram clareiras tão grandes como as existentes nas despidas bancadas, mas também devido à constante movimentação da dupla Rodrigo-Lima.
O segundo golo surgiu com toda a naturalidade e, contrariamente a outros encontros, a equipa manteve as rotações no vermelho, não deixando de pressionar o adversário e procurar mais golos. E já depois de Oblak ter lançado os companheiros para o 3-0, só o intervalo parou a onda avassaladora que atingiu a área gilista, terminando assim uma primeira parte em que o Benfica mostrou pressa de ganhar o jogo, garantir a qualificação para os quartos de final da Taça de Portugal e, com isso, aumentar os índices de confiança, e também a rotatividade, para o clássico que aí vem.
Bem tentou o técnico João de Deus mudar o rumo dos acontecimentos, procedendo a trocas constantes nos homens da frente que, contudo, desaguaram sempre no mesmo cariz... inofensivo, com Brito a ser sempre, e em exclusivo, o jogador gilista que mais levantou a crista, embora condenado ao fracasso, tal o desacerto dos restantes companheiros, enleados na teia montada por Matic e Enzo Pérez no miolo e sem tempo para recuperarem o fôlego perante as investidas do quarteto ofensivo das águias, neste jogo em versão verdadeiramente demolidora.
Se foi assim na primeira metade, de igual forma prosseguiu na segunda, mesmo depois de Jorge Jesus ter tirado de campo o tocado Rodrigo, poupado o dínamo Enzo Pérez e substituído o queixoso e fulcral Matic. Com Djuricic, Rúben Amorim e Fejsa, a única alteração foi mesmo ao nível do ritmo do jogo e do avolumar do resultado, com apenas mais dois golos construídos, já em fase de descompressão, que permitiu ao Gil Vicente construir algumas jogadas, quando antes não conseguia fazer mais do que três passes seguidos antes de perder a posse de bola. Mesmo assim, não tiveram os gilistas energia suficiente para conseguir sequer contrariar o histórico de cinco jogos sem marcar um único golo, naquele que foi o seu sétimo encontro sem vencer. Em contraste, o Benfica arrancou a quinta vitória consecutiva, naquela que já é a sua melhor série vitoriosa da temporada, e isto em vésperas de tão importante compromisso.