Matador colombiano fez o sexto golo em quatro jornadas e foi o antídoto para a falta de concentração do ataque leonino. O Olhanense ainda acertou na barra, mas a pausa competitiva não fez assim tanto mal ao Sporting
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Montero, provando a cada jornada do campeonato que a sua contratação foi um tiro em cheio, resolveu mais um teste do Sporting, que, com dez pontos em quatro rondas, regressa à génese competitiva de "grande" de que se vem desviando nos últimos anos. O colombiano decidiu porque da sua cabeça saiu a concretização de uma superioridade coletiva evidenciada durante o encontro, embora a equipa de Leonardo Jardim tenha tido contra si o desperdício e a falta de concentração no momento de finalizar, mormente no primeiro tempo. Mas o ponta de lança de referência do 4x3x3 verde e branco cimentou, com o seu sexto golo - este em posição irregular -, o estatuto de goleador máximo da Liga, respondendo ao compatriota Jackson Martínez, que marcara na véspera. Mas, mais do que isso, ao contribuir para a fuga na vice-liderança da I Liga insuflou a pressão leonina sobre os principais rivais no que à luta pelos lugares cimeiros diz respeito - título e acesso à Liga dos Campeões, entenda-se.
Aproveitando a fluidez de jogo conferida pelos homens dos corredores, sendo que André Martins, em sucessivas diagonais sobre a direita, foi peça vital, os homens de Leonardo Jardim - que devolveu a Eric Dier um lugar no eixo da defesa, fruto da ausência de Rojo - somaram inúmeras situações de finalização durante os primeiros 40 minutos, beneficiando da mobilidade de Montero, da velocidade de Wilson Eduardo e das ganas de Diego Capel, que aproveitou o desgaste de Carrillo para dizer "presente" após o fecho do mercado, e gorada a possibilidade de sair. Só nesse momento Abel Xavier viu o seu Olhanense criar verdadeiro perigo, num pontapé de canto, explorando as fragilidades que o rival de turno tem evidenciado neste tipo de lances. A bola na barra de Diakhité foi atenuante para a incapacidade do coletivo - alinhado numa matriz tática idêntica à do rival, mas com um bloco demasiado baixo - em lidar com a referida mobilidade. Nesta guerra, só João Ribeiro, agarrado a William Carvalho, não se sentiu perdido.
O golo do Sporting poderia ser apenas uma questão de tempo, sentia-se em campo e nas bancadas, mas... Leonardo Jardim não se fiou em eventualidades. No descanso, o treinador fez por elevar a objetividade da equipa e, consequência desse puxão de orelhas, a intensidade da equipa nas ações foi distinta no reatamento. Por via disso, aquele que é o melhor ataque da Liga - e que ainda não tinha ido para o intervalo sem acertar nas redes - voltou a carburar e só parou quando a vantagem se tornou sólida para deixar o desfecho do jogo a salvo de surpresas.
O diferencial de qualidade foi tal que, sem grande esforço, Rui Patrício só se afligiu com o cabeceamento de Vítor Bastos aos 77', pouco depois da mudança tática de Abel Xavier que juntou Vojtus a Mehmeti na frente de ataque. Mas nessa altura já o leão controlava e geria o jogo, tal como Jardim, lançando Rinaudo para o lado de William Carvalho e estreando Vítor, alinhando a equipa num 4x2x3x1. Tudo pesado, conclui-se que, afinal, ao contrário do temido por Jardim, a pausa competitiva por força dos compromissos das seleções não foi assim tão negativa: o Sporting acabou o jogo sem sobressaltos e reafirmou os créditos de qualidade e consistência - sem deslumbrar, é certo -, quando no calendário já se vê o Braga e, duas jornadas depois, o FC Porto.