Presidente toma posição em duas frentes: um dia depois de o antecessor comunicar ter facultado toda a informação sobre jogadores e respetivos contratos, Bruno de Carvalho responde e diz que Godinho Lopes faltou à verdade. E sustenta ainda que foi Manuel Fernandes que pediu para entrar no despedimento coletivo
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Sem que tenha adotado um discurso marcadamente hostil, Bruno de Carvalho teve tomadas de posição inequívocas em duas frentes distintas, com resultados idênticos: quer Godinho Lopes, quer Manuel Fernandes fizeram declarações em relação ao Sporting que "não correspondem à verdade".
No dia seguinte ao comunicado de Godinho Lopes, em que o ex-presidente do Sporting assegurava ter transmitido à atual Direção toda a informação relativa aos dados dos jogadores, respetivos contratos, comissões, percentagens dos passes, mecanismos de solidariedade e afins, Bruno de Carvalho responde ao seu antecessor. "Importa esclarecer, face ao comunicado ontem divulgado por Godinho Lopes, que nos reunimos antes da tomada de posse, no dia 25 de março de 2013, apenas cerca de 20 minutos. Nesse breve encontro, Godinho Lopes entregou-me três dossiês, com a seguinte informação: Dossiê 1 - Título "Recursos Humanos e Sistemas de Informação". Este dossiê, na parte de Recursos Humanos, continha: organogramas; manual de funções do Grupo Sporting; resumos sobre o Sporting Clube de Portugal, SPM, SAD, exceto informação sobre os atletas. Em Sistemas de Informação, estava: apresentação sobre alguns serviços existentes. Dossiê 2 - Título "Orçamentos, Controle Orçamental, Reestruturação Financeira", com a seguinte informação: orçamento de 2012/2013; controle orçamental de julho de 2012 a novembro de 2012; documento com "Sporting SAD, Reestruturação Financeira, Investidor com Controlo" e "Sporting SAD, Reestruturação Financeira Bancos - Proposta de um PER". Dossiê 3 - Título "Política Desportiva, Comunicação, Comercial, Fundação Sporting, Património, Núcleos, GOAS, Contencioso", (...); listagem dos atletas das modalidades; breve descrição do projeto de Odivelas; um contrato com arquitetos para o Pavilhão João Rocha; listagem com percentagens de passes de jogadores e seus detentores; organograma funcional da Sporting, SAD bem como do Futebol de Formação; modelo das Academias Sporting; SportingCOM; (...). Para além do referido, nada mais me foi entregue, nem transmitido, pelo que, rápida e facilmente se percebe, que, retirando o atrás exposto, as afirmações de Godinho Lopes não correspondem à verdade", refere o documento assinado pelo atual presidente do Sporting.
A outro nível e noutra plataforma - a versão digital do jornal "Sporting" - Bruno de Carvalho rebateu a versão apresentada por Manuel Fernandes na passada segunda-feira, na SIC Notícias, do seu afastamento do Sporting. O ex-diretor para o futebol dos leões revelara que ganhava 20 mil euros por mês e lhe havia sido proposto um ordenado na ordem dos 1500 euros mensais. Manuel Fernandes teria interpelado Augusto Inácio no sentido de sensibilizar o presidente para subir um pouco a fasquia, sendo surpreendido dois dias depois com a sua inclusão no despedimento coletivo. A reação de Bruno de Carvalho, à semelhança do verificado com Godinho Lopes, não foi violenta, mas antes inequívoca. "No processo de reestruturação, foi verificado que o mesmo [Manuel Fernandes] detinha dois contratos, tendo sido proposto a rescisão de um deles e a manutenção do outro. Tal não foi aceite e foi pedido pelo mesmo o ser colocado no despedimento coletivo. (...) Como sportinguista, não posso deixar de lamentar que seja o próprio a levantar esta questão a nível público, na televisão, pois deixou uma imagem de que existiu qualquer tentativa de o afastar de qualquer forma, quando tal não corresponde à verdade", sustenta Bruno de Carvalho, que remata: "Confesso que fiquei com alguma mágoa mas, para mim, Manuel Fernandes nunca deixará de ser o meu eterno capitão (...), será será uma das referências máximas do nosso clube e terá sempre em Alvalade a sua casa".