Nélson Oliveira sem papas na língua. Pouco preocupado em saber porque não ficou no Benfica, o dianteiro brilha no Rennes como consequência da confiança que lhe é dada pelo seu treinador
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Nélson Oliveira voltou a ser cedido pelo Benfica, agora ao Rennes, porque na Luz há Cardozo - um goleador que não lhe enche as medidas, preferindo... Ibrahimovic -, mas também Lima e Rodrigo. Emigrou e está em alta, a marcar golos e a realizar exibições de elevado quilate, porque, como refere em entrevista a O JOGO, sente que o seu treinador, Philippe Montanier, confia plenamente nas suas qualidades. Quanto a Jorge Jesus, que "tem a sua maneira de trabalhar", diz apenas que a confiança manifestada por um treinador é "meio caminho andado" para um jogador explodir. E, isso, o jogador de 22 anos está a conseguir longe da Luz.
Já marcou sete golos em 12 jogos. O que está a fazer a diferença em relação à temporada passada?
A única diferença é que agora estou a jogar. Sinto-me muito contente no Rennes, sinto-me bem fisicamente, confiante, a jogar bem e a crescer.
Até quer ser o melhor marcador da liga francesa...
O Emerson [ex-jogador do Benfica] não traduziu bem. Eu disse em entrevista que o meu objetivo é jogar bem e fazer o maior número de golos possível. Ser o melhor marcador de um campeonato é algo que todos os avançados querem, mas não estou a pensar nisso.
Mas por que acha que não ficou no Benfica? Concorrência a mais?
Não sei, o Benfica é que tem de saber.
Um dos seus concorrentes diretos na Luz, Cardozo, fez um hat trick no dérbi com o Sporting. O que achou da exibição do jogador paraguaio?
Não tive oportunidade de assistir ao dérbi. Cardozo é um excelente avançado, mas não é o género de avançado que eu aprecio.
Qual é o seu estilo de avançado?
Zlatan Ibrahimovic [do PSG]. É uma das minhas referências, um dos avançados que mais gosto de ver jogar.
Como ele joga, e ainda recentemente mostrou frente ao Benfica, também prefere jogar solto no ataque?
No Rennes, o treinador tem optado pelo 4x3x3, mas não tenho um sistema tático preferido. Seja qual for a tática, quero é jogar e tentar evoluir como jogador, mas a minha preferência é jogar a ponta de lança, mais solto na frente.
Já aprendeu a falar francês para entender o que o treinador Philippe Montanier lhe pede nos treinos?
Comecei a ter aulas, mas está a ser um bocado difícil. De qualquer forma, isso não é problema. O treinador fala comigo em espanhol, e também me safo em inglês.
Montanier bateu José Mourinho ao ser o melhor treinador da liga espanhola na época passada. Como está a ser trabalhar com ele?
Foi o míster que me convidou para vir para o Rennes. No último jogo da temporada passada, ele abordou-me a perguntar se estaria interessado em ir com ele para o campeonato francês. Agradou-me a confiança que ele mostrou ter em mim.
Esse é também um fator importante? A confiança transmitida pelo treinador?
É sempre importante para os jogadores. Sinto-me muito mais à vontade para fazer os meus lances e estar a jogar bem. Este míster consegue cativar os jogadores pelo seu lado humano. Quando é preciso, ele funciona como um psicólogo. Num encontro em que fui expulso, foi o primeiro a alertar-me para o que não devia fazer, está sempre atento e a tentar corrigir os jogadores.
Jorge Jesus não demonstrava tanta confiança em si e isso retraía-o mais?
A confiança que um treinador tem num jogador sente-se desde o primeiro momento. E é meio caminho andado, pois, com uma envolvência diferente, um jogador consegue ter outro rendimento. O míster Jorge Jesus tem a sua maneira de trabalhar.
Isso parece estar a acontecer com o guarda-redes Roberto, do Olympiacos, como se viu na última jornada da Champions, frente ao Benfica. Concorda?
Sim. Vi o jogo entre o Benfica e o Olympiacos e o Roberto fez toda a diferença, demonstrando que há momentos em que, por uma razão ou outra, não se consegue jogar como se sabe.