O FC Porto continua rei e senhor da Supertaça Cândido de Oliveira e mostrou enorme superioridade. Nesta fase, ao Vitória restava apenas lutar e passar pelo jogo com grande dignidade
Corpo do artigo
O robusto triunfo com que o FC Porto selou mais uma conquista nacional deixou bem clara a diferença de andamento entre o campeão e o vencedor da Taça de Portugal. Nesta abertura oficial de época, o Vitória está ainda à procura de identidade e até de compor o plantel com alguns reforços, enquanto o adversário se mostra já num estádio de maturação elevado. Os números finais são pesados mas espelham a diferença entre as partes. Para os portistas, se é certo que se pode falar de uma nova fórmula, ficou a garantia de manter os velhos hábitos de querer ganhar mais e mais.
A experiência e um plantel de qualidade estão a tornar menos complicada do que seria de esperar a substituição de jogadores com o peso específico de James Rodríguez e, principalmente, de João Moutinho, que sempre se soube ser a baixa mais difícil de colmatar. Ajuda também o facto de Paulo Fonseca ter entrado de novo, pois foi contratado e posto perante o cenário atual. Ser-lhe-ia por certo mais penoso se já tivesse trabalhado com Moutinho e agora o visse partir, mas não é esse o caso. Montou a equipa da forma que imaginou e promete transformá-la numa máquina demolidora. As mudanças também não são tão radicais quanto o inicialmente anunciado, a inversão do triângulo do meio campo não chega bem a sê-lo, pois continua a ter lugar para um transportador de jogo, Defour, e a maior liberdade ofensiva concedida a Lucho é um bem para Jackson. O argentino sempre procurou pisar terrenos próximos do ponta de lança, mas agora é mais presente, tendo a equipa outra inovação/vantagem: para além de trabalhar tanto como Varela, Licá acrescenta agressividade, pois com bola no pé parte da esquerda para o meio, sem querer ser um segundo 10, e quando a bola está de outro lado aparece na zona de finalização como segundo ponta de lança. O Vitória pagou a fatura desse acerto: três bolas cruzadas da direita, um golo do avançado-centro e um de cada um dos novos auxiliares.
Os minhotos até entraram bem no jogo, pressionaram alto, jogaram no meio-campo portista, prometeram dividir o jogo, mas o primeiro ataque do FC Porto causou estragos. Surgiu cedo e pôs a nu debilidades defensivas e até estruturais, como um meio-campo combativo mas com problemas na saída de bola (melhorou na segunda parte com o avanço de André e a entrada de Leonel Olímpio) e também de marcação, pois Lucho dispôs de todo o espaço de que precisou. O segundo golo foi um golpe ainda mais duro para os vimaranenses, que durante um largo período se viram obrigados a defender, ainda que nem sempre bem, como ficou provado no lance do terceiro golo, sofrido ainda na primeira parte.
Ao contrário de Rui Vitória, que tentou dar um soco na partida ao intervalo, fazendo dupla substituição, Paulo Fonseca, com o jogo mais do que controlado, foi procedendo a alterações que valorizam quem entrou sem depreciar os preteridos - Varela foi o primeiro a sair e fez uma primeira parte espantosa -, testando também outras soluções, como Josué na ala esquerda depois de na pré-época ter jogador na posição 8. E ao meter Quintero acrescentou duas mais-valias ao espetáculo: o jovem reforço colombiano e a qualidade que Lucho ainda tem na antiga posição, pois continuou a ser o melhor em campo depois de passar a atuar no lugar de Defour. O reacerto do V. Guimarães e alguma vontade de adornar mantiveram o resultado, mas ficou a certeza de que o FC Porto vai entrar muito forte no campeonato, enquanto os minhotos terão de olhar para dentro, seguir o exemplo da época passada e voltar a surpreender pela positiva. Nesta altura, com o atual plantel e as dificuldades conhecidas, não podia aspirar a mais do que uma presença digna. Essa conseguiu.