Árbitro foi decisivo nos momentos chave: de penálti colocou o Estoril a vencer e a perder. Baiano, Yohan Tavares e Gerso foram expulsos
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Ao oitavo desafio, o Estoril despertou do estado de graça e tropeçou na Pedreira, na noite em que o Braga se reergueu de um par de derrotas e da desilusão do adeus às competições europeias, num jogo delicioso que pôs em evidência o melhor de cada uma destas equipas que enchem de orgulho a liga portuguesa, e também as fragilidades, designadamente, a experiência que os canarinhos ainda não têm. Nenhum dos atributos postos em campo, porém, chegou para roubar o protagonismo ao árbitro João Capela, que, fiel aos tempos que vivemos, de desgoverno ao sabor de sucessivos erros de cálculo, apontou dois penáltis por faltas cometidas fora da área. O primeiro, aos 15', obrigou o Braga a apelar ao espírito de sacrifício que Jesualdo sabe ter para dar e vender, ontem personificado em Alan e no regressado Éder. O outro deixou o Estoril irremediavelmente para trás na corrida aos pontos, apesar de ter assustado muito, até ao fim - marcar ao Braga, com nove, não é novidade (o Gil Vicente que o conte) e soa a fraco consolo, mas, valeu a excelente atitude, a rentabilizar adiante, porque não faltarão as noites com final feliz.
Jesualdo Ferreira, que tivera tanto trabalho para resolver o lado esquerdo da defesa, privada de Joãozinho (baixa por gastrenterite), entregue a Tomás Dabo, viu-se obrigado a improvisar, com um quarto de hora jogado, quando o primeiro penálti expulsou Baiano, condenado numa disputa com Evandro, que valeu o primeiro golo do Estoril. Dabo saltou para o lado direito e Luís Silva, novidade no meio campo, recuou para uma exibição de garra e disciplina, os únicos predicados que poderiam salvar o Braga de um terceiro desaire consecutivo.
A organização foi a chave para disfarçar a desvantagem numérica: Alan garantiu com Mauro e Luiz Carlos uma linha de três médios, a encaixar na de Marco Silva, e a urgência de sacudir a depressão fez o resto. Éder, regressado à titularidade após ausência por lesão, voltou em grande e, ao segundo nó cego em Bruno Miguel, ofereceu ao remate de primeira de Alan o primeiro golo limpinho da noite. O Estoril impressionou-se com a resistência bracarense e jogou com uma cautela que viria a revelar-se fatal, no segundo tempo, quando Éder precipitou João Capela para um novo episódio na área. Ou antes, fora dela. Foi fora que sofreu falta de Yohan Tavares, que pagou com a expulsão e mais um penálti fantasma, com o qual Alan deu ao Braga a vantagem que já não fugiria, mas, esteve seriamente ameaçada, mesmo depois de acentuada pelo golo de Custódio (74'). Havia muita emoção para jogar. Marco Silva experimentou a angústia frustrante de Jesualdo, quando, pouco depois de refrescar a equipa, viu Gerso ser expulso, por agressão a Pardo. Com nove, o Estoril fez-se Braga, mania que traz da época passada e lhe assenta muitíssimo bem. Carregou e, perante a passividade da defesa viu Luís Leal oferecer o 3-2 a Sebá. Santos negou o 3-3 a João Pedro, pouco antes de Capela apitar para o final de um belo jogo, escrito por linhas tortas, do qual o Braga emergiu mais consciente das suas próprias forças, sem que o Estoril se possa sentir enfraquecido no ânimo para enfrentar o Sevilha, na UEFA.