Esburacado no ataque, o Braga viu o azar agudizar-se em apenas três minutos. Alan boicotou, porém, a vantagem do Marítimo e Pardo lá "assinou o ponto"
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Em vez de se refugiar no muro de lamentações mais próximo, queixando-se da vida madrasta e das lesões inesperadas de jogadores imprescindíveis como Santos (perdido em pleno aquecimento) e Éder, a tal peça única no plantel, este Braga não baixa os braços de forma alguma e, mesmo metido em maus lençóis, consegue reagir, ao ponto de ser bem-sucedido em inverter papéis com os que ousam massacrar. E frente a um Marítimo audaz e armado até aos dentes de gente perigosa, como Danilo Pereira, Héldon e Derley, entre outros, o empate nos Barreiros foi a consequência, com Alan e Pardo a reporem a igualdade no marcador depois de o Marítimo ter construído, ainda no primeiro tempo, uma confortável vantagem de 2-0 enquanto o diabo esfregava um olho - em três minutos.
É certo que a equipa bracarense continua um pouco aquém do seu objetivo primário de andar nos lugares europeus, mas estrebucha até ao fim, desafiando sortes alheias, azares crónicos ou simplesmente distrações de palmatória, como se verificou no primeiro golo do Marítimo, assinado por Danilo Pereira, numa recarga a uma defesa estupenda de Eduardo, no seguimento de um canto. Superada a fase dos sonolentos equilíbrios a meio-campo, o Marítimo preparava-se para humilhar e o golpe de cabeça de Derley parecia dar razão a quem tinha essa impressão, mas em cima do intervalo já arregalava os olhos e redobrava cuidados perante um adversário tão enraivecido como um tigre, embalado por um golo de Alan obtido num canto.
O Braga respondia na mesma moeda em matéria de golos de bola parada e mais perigoso se tornou quando Jesualdo Ferreira percebeu que não fazia qualquer sentido a colocação do "baixinho" Hugo Vieira na posição de ponta de lança, quando grande parte das jogadas ofensivas da equipa são canalizadas pelos flancos. Mesmo sem Éder, os processos de jogo mantêm-se entre os minhotos, mas requerem gente com presença na área e o treinador teve essa perspicácia, apostando primeiro na entrada de Pardo e, depois, na de Edinho, ao mesmo tempo que Alan era desviado para o meio-campo de modo a compensar a substituição de Luiz Carlos. Os visitantes perdiam músculo e capacidade de luta a meio-campo, mas ganhavam centímetros razoáveis e peso na frente, dando manifestamente mais trabalho aos centrais Gegé e Márcio Rozário e a sequência ideal aos cruzamentos para área.
Pedro Martins resolveu blindar o meio-campo com a entrada de Alex Soares, tendo a clara intenção de fechar um pouco mais os caminhos possíveis para a baliza à guarda de Leoni, mas foi precisamente dessa zona que nasceu o 2-2, com Mauro a cruzar de forma perfeita para o golo de Pardo. Pouco depois, Derley perdia a cabeça e era expulso, numa altura em que já não faltavam jogadores do Marítimo de cabeça quente...