Na altura tinha 14 anos e sofreu com a decisão, assinada por Luís Castro, quando até era capitão do FC Porto. Agora só lamenta não estar a jogar mais esta época
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Os festejos de André Gomes após o golo decisivo que marcou anteontem ao FC Porto tiveram um significado especial. A forma emocionada e intensa como celebrou - não se importando sequer com o cartão amarelo que viu e a multa que vai ter de pagar por ter despido a camisola - não se deveu apenas a ter selado a passagem do Benfica à final da Taça de Portugal ou ao facto de ter sido o seu primeiro golo da época na equipa principal, e logo espetacular, com uma chapelada a Fernando antes do tiro fatal. Foi, apurou O JOGO, muito mais do que isso e teve Luís Castro, atual treinador do FC Porto, em 2008, como destinatário: foi ele quem assinou a sua dispensa dos escalões de formação do emblema presidido por Pinto da Costa, na passagem para o primeiro ano de juvenis. "Fui dispensado do FC Porto e isso custa quando se gosta de um clube", afirmou André Gomes em março de 2013 ao programa da Benfica TV "Estrelas SLB". André Gomes tinha em miúdo coração azul e branco, pois, natural de Grijó, Vila Nova de Gaia, foi nas escolinhas do emblema portista que começou a crescer como jogador. E, apesar de ser João Brandão o seu treinador no último ano de iniciados, era Luís Castro o coordenador da formação do FC Porto quando o médio foi dispensado, rumando para o Pasteleira e depois para ao Boavista.
Foi, pois, um golo com sabor a vingança pela mágoa que Luís Castro e o clube azul e branco lhe causaram em plena adolescência. Quando entrou para o Benfica, e depois da dispensa do FC Porto, rapidamente ganhou gosto pelo clube encarnado, apesar de, nos últimos tempos, o sentimento ser um pouco de frustração, não por vestir a camisola da águia, mais pelo pouco tempo de utilização que Jorge Jesus lhe deu esta época, especialmente antes de a equipa começar a disputar a Liga Europa. Com oito jogos e cinco golos pela equipa B encarnada, André Gomes só alinhou em quatro jogos até ao momento na I Liga, sempre como suplente utilizado.
Portanto, muito sentimentos juntos e acumulados ao longo de anos e meses foram finalmente exteriorizados nos festejos do golo de anteontem. Já depois do apito final e de toda a euforia vivida, o jogador serenou e, sabe o nosso jornal, recatou-se um pouco perante tantas mensagens que ia recebendo de parabéns.