A vitória por três golos foi conseguida e a equipa de Obradovic fez história: é a que soma mais títulos (18), a do primeiro penta portista e valeu o tetra ao técnico.
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Quando Pedro Spínola recuperou a bola e correu em contra-ataque, marcando o 25-22, o Dragão Caixa explodiu. Havia 2m41 para jogar, mas era a vantagem que valia o título aos portistas, e que surgia pela segunda vez no jogo, depois do 24-21 que Wilson Davyes festejara dois minutos antes. Daquela vez, ficava a sensação que poderia ser a definitiva, mas mesmo essa incerteza só durou dez segundos: quando Quintana, logo a seguir, defendeu o livre de sete metros cobrado por David Tavares, percebeu-se que havia campeão de andebol. Aliás, mais que isso: pentacampeão! Ou ainda mais: era o 18º título do FC Porto, superando os 17 do Sporting e culminando a série de nove campeonatos em 15 anos, depois de 31 épocas de jejum.
A festa foi tanta que naquele momento ficou esquecido o adversário, com jogadores que choravam. E que adversário! Ao longo do penta do FC Porto, nunca o Benfica foi um opositor tão forte. Se a diferença de três golos de ontem à noite foi a mais expressiva após um ano de duelos, o próprio jogo provou que as diferenças entre os rivais foram sempre mínimas. No futebol é hábito dizer-se que jogos assim se decidem nos detalhes. No andebol, é na defesa que eles se ganham e foi por aí que esta autêntica final ganhou tanta emoção.
O 5:1 de Jorge Rito é especialmente temível pelas "torres" que coloca na linha de seis metros. Inácio Carmo, Álvaro Rodrigues e no segundo tempo João Lopes são defensores exemplares. Ljubomir Obradovic respondeu na mesma moeda, com o seu 6:0 a incluir Tiago Rocha, Daymaro Salina e Gilberto Duarte (mais tarde Hugo Rosário), o que explica as dificuldades dos ataques. Ao intervalo, cada um dos lados apenas tinha três golos em entradas aos seis metros e a diferença fazia-se no duelo entre atiradores de longa distância e guarda-redes, com ligeiro ascendente para o Benfica.
Para se desatar um jogo destes, só com rasgos individuais. E foram os cinco golos de Wilson Davyes no segundo tempo, alguns deles geniais, a representar essa mais-valia, além de o contra-ataque portista também passar a funcionar. Entre a apoteose azul e branca e o desespero benfiquista surgia, mesmo a fechar a imagem de marca dos pentacampeões: defesa sólida, contra-ataque rápido e jogadores imaginativos. Essa é a imagem da escola criada por Obradovic e que tem mudado o andebol português.
