Primeiro remate aos 51'. Com uma gritante falta de intensidade, o Benfica só entrou em jogo na segunda parte e, quando aumentou ligeiramente as rotações, chegou aos golos e voltou para casa no topo da classificação. A exibição foi medíocre...
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Salvou-se o resultado, na perspetiva do Benfica, com a vitória a deixar o emblema da águia colado ao FC Porto no topo da classificação pelo menos até ao jogo de hoje do Sporting, mas os três pontos foram amealhados com um exibição a roçar a mediocridade, tal a forma displicente e a quase total ausência de atitude ou intensidade com que os comandados de Jorge Jesus, que voltou ao banco de suplentes, abordaram a maior parte da partida. Aliás, só depois do intervalo houve pinceladas de algum futebol, que renderam dois golos - com a dupla Lima/Rodrigo a faturar consecutivamente nos últimos cinco jogos - e uma obra que entrará para o top das exibições mais fracas do Benfica esta época.
Mesmo depois dos avisos de Luís Filipe Vieira, na sua mensagem natalícia à nação benfiquistas mas com alvos internos também em mira, a equipa entrou em campo a jogar a passo, sem profundidade, sem capacidade para, sequer, se aproximar da zona onde se decidem os jogos. Aliás, há um dado estatístico que não sustenta leituras diversas e que pode garantir um lugar de destaque no livro dos recordes das equipas com aspirações à conquista de títulos. O Benfica desferiu o primeiro remate aos 51', por Gaitán, e sem qualquer perigo, tendo marcado à segunda tentativa de um total de... cinco.
Se os jogadores da Luz têm culpas no cartório, também Jorge Jesus não pode sacudir a águia do seu capote, tendo em conta a escolha do esquema com que abordou o encontro, nomeadamente com a derivação de Enzo Pérez para a ala direita, deixando a tarefa de construção entregue a um Matic em baixa rotação e a um Fejsa que já mostrou não ter queda para assumir a primeira fase de lançamento do ataque. De facto, e já o provou vezes sem conta, só o argentino consegue dar dinamismo à equipa, só ele coloca em campo a intensidade ofensiva que desequilibra os adversários e alimenta os seus companheiros. Encostado à ala direita, a sua posição natural, não teve a influência habitual, até porque faltava-lhe um clone no meio para lhe fazer chegar a bola.
A responsabilidade também terá de ser colocada nos ombros de José Couceiro e do adversário sadino, pela forma abnegada como encararam cada lance, pela intensa pressão exercida sobre o meio-campo adversário e pela atuação descomplexada na abordagem dos lances ofensivos. A assumir o controlo do meio-campo desde o apito inicial, com um 4x3x3 arrumadinho e com as linhas próximas, além de uma pessão alta e quase sufocante, o Vitória de Setúbal obrigou o Benfica a jogar direto para os seus avançados e a sentir inesperadas dificuldades para fazer dois passes consecutivos no miolo do terreno. Faltou, contudo, ao emblema do Bonfim capacidade de definição nas imediações da área, o que explica ter o jogo chegado ao intervalo com o nulo.
Depois do descanso, Jesus deu a mão à palmatória, lançou Sulejmani para a ala esquerda, deslocou Gaitán para a direita e devolveu Enzo Pérez ao jogo, no meio. Houve então algum dinamismo, o Benfica passou a mandar no jogo, obrigando o adversário a recuar. Com mais bola, Gaitán desequilibrou o jogo, assumindo então o gatilho e assistindo Rodrigo para o primeiro golo, para Lima fazer o segundo, de penálti, 15 minutos. O Setúbal ainda tentou dar a volta ao texto, mas a defesa encarnada manteve-se segura e a sua baliza, agora entregue ao estreante Oblak, a salvo pela primeira vez depois de cinco jogos sempre a sofrer golos.