Perder golos e sair de cena. Depois de uma primeira parte em rendimento elevado, na qual foi gritante a ausência de Tacuara - os avisos de Eusébio não foram ouvidos -, a equipa encarnada passou ao extremo oposto, entregou o jogo e o troféu.
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Com uma entrada em ação em ritmo intenso, que permitiu ao Benfica empolgar-se e também "aquecer" os seus adeptos, a equipa encarnada cheirou o golo em inúmeras ocasiões, mas não conseguiu colocar o marcador em andamento. E, de um extremo ao outro, bastou ter um intervalo pelo meio, permitindo que o São Paulo fosse dono e senhor dos acontecimentos e mostrasse às águias de Jorge Jesus como se resolve uma partida. Com golos, precisamente.
Num plantel recheado de extremos, foi curiosamente a falta de um deles, Salvio, que marcou a exibição da equipa, embora a maquilhagem da primeira parte, quase sempre pela mão de Markovic, tenha apenas disfarçado imperfeições durante a primeira parte da festa. O sérvio é menos vertical do que o argentino, mas criou desequilíbrios com a sua velocidade e incursões em diagonal da esquerda para o meio, o problema é que na direita Gaitán também joga mais por dentro, juntando-se, em vários momentos, a Djuricic e... Markovic no mesmo espaço.
Lances com dose elevada de criatividade permitiram, ainda assim, ao Benfica andar muitas vezes perto do golo, com o São Paulo a viver momentos de verdadeiro sufoco durante fases prolongadas da etapa inicial. Mas, se em outros encontros Lima ou Rodrigo vestiram as roupagens de goleadores, desta feita faltou algo mais, não havia Cardozo, o abono da família benfiquista nas últimas épocas, como Eusébio, o rei da festa, já o disse publicamente. Não foi, por isso, de estranhar os cânticos vindos das bancadas com o nome de Tacuara como palavra de ordem.
Com o nulo ao intervalo, nada fazia prever o que se passaria a seguir. Como se as equipas tivessem trocado de equipamento, foi o São Paulo a entrar em campo a mandar no jogo, a trocar a bola com qualidade e a... marcar, algo que não logravam fazer há seis jogos consecutivos, um dos piores registos da sua história. Sem capacidade de pressão, o Benfica passou a ser uma equipa mais reativa... sem bola, disso se ressentindo o ataque.
Nem com a troca de extremos, com as entradas de Sulejmani e Ola John, se viu velocidade no ataque e perigo na área contrária, porque no meio faltava posse de bola. E não surpreendeu o segundo golo visitante, que deixou a formação encarnada em estado de coma, de tal forma que o São Paulo até poderia ter avolumado o marcador do triunfo que não mais deixou escapar, resultado este que não alcançava há... 14 jogos, algo inédito no clube. Num assomo de forças final, as águias ainda sobrevoaram a área de Rogério Ceni, mas sempre de forma atabalhoada, sem cabeça e... sem Cardozo.