O Benfica venceu o Fenerbahçe por 3-1 e garantiu a presença na última etapa da Liga Europa. Confirma-se o reencontro com o Chelsea dos ex-encarnados Ramires e David Luiz
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Vinte e três anos depois, o Benfica volta a disputar uma final europeia, depois de massacrar o Fenerbahçe numa partida que só teve praticamente um sentido. É verdade que a equipa turca joga sempre até ao limite, tem um coração que nunca mais acaba, mas confirmou-se que isso, por si só, é insuficiente para chegar ao topo da montanha. Falta agora vencer o contrarrelógio em Amesterdão diante do Chelsea para que a época brilhante... seja de sonho. Empurrados por mais de 50 mil espectadores, a equipa do Benfica passou com distinção no teste. Foi melhor em todos os aspectos e nem mesmo o facto de o Fenerbahçe ter usado e abusado no jogo direto na parte final do desafio desuniu o conjunto. Ah, e contou com o homem dos óscares: Cardozo. Durante meia hora, andou a saltar praticamente à toa, a chegar atrasado de cada vez que lhe passavam a bola, a dar a sensação que não tinha capacidade física para aguentar o ritmo de jogo. No entanto, de um momento para o outro, tudo mudou e o Tacuara apareceu a bisar e a conduzir a águia rumo a Amesterdão. Com ou sem assobios, é sempre perigoso e é preciso contar com ele.
Os encarnados quiseram desde a primeira hora estar em Amesterdão e não permitiram que o adversário colocasse essa vontade em causa. O golo sofrido de grande penalidade foi um episódio rapidamente esquecido: a equipa não acusou o golpe, muito duro, diga-se, e partiu em busca do terceiro, que já se justificava ao intervalo.
Jorge Jesus não caiu nos mesmos erros da semana anterior e protegeu-se bem na desforra. Com um golo de desvantagem na bagagem, o treinador deixou Melgarejo no banco - tinha permitido quase tudo a Kuyt na Turquia - e chamou André Almeida ao onze para se colar ao holandês. A medida resultou na perfeição. Mais concentrado e com outra frescura física, o lateral, esquerdo neste caso, secou o holandês, obrigando-o a fugir para o meio para ganhar espaço e tentar delinear algumas jogadas de ataque. No miolo, Matic suspirou de alívio com a presença de Enzo Pérez (não tinha jogado em Istambul). O Benfica começou a ganhar o jogo a meio-campo e contou com a calorosa colaboração de Gaitán, que continua a viver um grande momento de forma, surgindo com disponibilidade total tanto pela esquerda como pelo centro. E foi dessa mobilidade que nasceu o primeiro golo. A combinação com Lima foi perfeita e o remate cruzado com o pé esquerdo demonstra o nível de confiança do argentino, que confirmou a propensão para surgir em grande estilo nos jogos mais quentes. Só tinham passado 9' e a águia já feria o canário. O Fenerbahçe não reagiu, teve sorte. Num lance isolado, Garay cometeu grande penalidade e Kuyt não fez de Cristian e atirou a bola para o fundo das malhas de Artur. Sem Topal e Raul Meireles no meio, - Uçan e Sahin ficam a léguas dos titulares -, Kocaman entregou o ataque a Sow. O senegalês fez pela vida, lutou muito, mas não tem a qualidade de Webó e a equipa perdeu poder de fogo. Por outro lado, Cristian também não teve tempo para organizar o ataque. Matic e Enzo deram-lhe tanto trabalho que as sobras foram inteirinhas para o auxílio defensivo. O resto foi bico para a frente.
Perante um adversário preso, o Benfica não abanou e voltou a ficar por cima, depois de uma malandrice de Enzo Pérez, que marcou rapidamente um livre para a entrada da área, obrigando Tacuara a aparecer no jogo. O paraguaio agradeceu e deu nova vantagem à sua equipa com um remate rasteiro. O pressing permaneceria durante a segunda parte e, aos 67', o camisola 7 apanhou as sobras de Luisão e, no sítio certo, bateu Demirel. O resto foram trocos, com muito coração do Fenerbahçe e ansiedade benfiquista em ver o árbitro finalizar o encontro. Jesus disse depois do jogo da Turquia que estava ainda mais confiante e tinha boas razões para isso.
