Paulo Fonseca acusa o desgaste e só não caiu no domingo porque Pinto da Costa o segurou. Continuidade na UEFA vista como fundamental para manter objetivos competitivos que alimentem a temporada
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Paulo Fonseca não terá sete vidas, mas já gastou algumas desde que está no Dragão. A afirmação é válida no sentido metafórico (o desgaste é mais do que evidente), mas também resume as ocasiões em que a saída já esteve perto de se consumar, acabando abortada por renovados votos de confiança presidenciais. Pinto da Costa resiste em abrir mão do treinador que escolheu para o ataque ao tetracampeonato e a curtíssima margem temporal entre o jogo de domingo e a deslocação à Alemanha também desaconselhou a que a reflexão fosse feita a quente após a primeira derrota caseira para a I Liga em cinco anos e meio.
Mas, como escrevemos ontem, nem o facto de nada ter mudado leva a que se possa concluir que tudo está na mesma. Ainda que as conclusões sejam presidenciais e que Pinto da Costa se tenha fechado em copas, aquilo que O JOGO foi ouvindo durante o dia de ontem aponta apenas para o adiamento do período de meditação. A eliminatória europeia definirá melhor os contornos do que resta da temporada, mas uma das várias informações que também circula é a de que o presidente terá respondido à abertura de Paulo Fonseca para acertar a rescisão com a vontade de que fosse o treinador a fechar a temporada. Rumores à parte, certo é que o desgaste psicológico da equipa técnica já passa fatura e que o clima de contestação, que se agudizou (e muito) com a derrota frente ao Estoril, pode tornar-se insustentável.
Desportivamente, e com a distância para o Benfica a crescer para os sete pontos (máximo em quatro anos), percebe-se que só um brilharete europeu abre perspetivas de um balanço final positivo. A eliminação aos pés do Eintracht contribuirá, por contraste, para que se reforce a ideia de que o cenário só pode piorar. É que as taças nacionais não salvam épocas no FC Porto e, mesmo aí, há confronto triplo com o Benfica (duas mãos na Taça de Portugal e jogo no Dragão para a Taça da Liga) que, não podendo mais do que massajar o ego de um clube sem objetivos maiores, se arrisca, no pior cenário, a tornar ainda mais penosas as últimas semanas de 2013/14.
São conjeturas, claro, e o simples facto de, como se percebe, haver ainda pontas soltas valida a leitura de Pinto da Costa, que preferiu esperar para ver. Incontornável, porém, é o alvoroço em torno da equipa. Desde domingo à noite que os nomes de potenciais candidatos ao cargo se multiplicam, sendo muito difícil, aqui, separar o que é real do que é ruído.
Ruído, de facto, há muito, grande parte dele vindo dos próprios adeptos do FC Porto, que sinalizaram Paulo Fonseca como o responsável pela crise e o visaram em tons muito agressivos e que há anos não se ouviam para os lados do Dragão. Mais uma vez, isso abalou o treinador, mas não bastou para que o presidente cedesse na defesa de um cenário de continuidade.
Certo é que, como OJOGO sublinhou, é com Fonseca que os dragões partem amanhã para a Alemanha. E isso inviabiliza que se tracem cenários, porque até esse parecia, imediatamente após a derrota com o Estoril, uma imensa improbabilidade.