SAD sem capacidade para repor o valor adiantado pelo grupo de investidores, oferece uma posição importante - um quarto - na futura estrutura acionista em caso de aprovação da reestruturação financeira e recupera direitos económicos de atletas como Bruma e Ilori
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A entrada da sociedade Holdimo - Participações e Investimentos, SA no capital social da SAD, por via da subscrição particular de ações no montante de 20 milhões de euros, foi a forma encontrada pela administração liderada por Bruno de Carvalho para recuperar percentagens importantes dos direitos económicos de alguns dos mais promissores atletas do clube, entre eles Bruma e Tiago Ilori. Segundo O JOGO apurou, a sociedade em causa tem sido parceira económica da SAD desde 2011 - quando o emblema de Alvalade era liderado por Godinho Lopes -, participando na aquisição de vários atletas, através de financiamento que foi criando dívida nas contas da sociedade, por via da incapacidade desta para cumprir com os compromissos assumidos. Em causa, com esta operação que será submetida a aprovação dos associados na Assembleia Geral Extraordinária do próximo dia 30 de junho, está a recuperação dos direitos económicos de cerca 15 atletas, com particular incidência nos mais jovens.
A verdade é que a SAD, fruto das obrigações contratualizadas com a Holdimo - com o empresário Álvaro Sobrinho a ser um dos nomes ligados a esta empresa de capitais angolanos que colaborou com o ex-presidente leonino Godinho Lopes -, estava fortemente condicionada pelos acordos estabelecidos com o parceiro económico, ao ponto de todas as transações que envolvessem os jogadores terem de ser comunicadas à referida empresa, que, em alguns casos, tinha de concordar ou não com os valores envolvidos numa eventual transferência. Os proveitos daí decorrentes seriam também repartidos, cabendo ao Sporting, sabe O JOGO, em muitos casos, a menor fatia dos lucros obtidos.
Ora, sem capacidade financeira para pagar os 20 milhões de euros adiantados pela Holdimo, a SAD propôs à sociedade de participações e investimentos, com a concordância das entidades credoras (Banco Comercial Português e Banco Espírito Santo), a integração na estrutura acionista da mesma, compensando-a pelo valor investido, algo que caberá aos associados do clube decidir no próximo dia 30, integrado no ponto dois da ordem de trabalhos e que necessita da maioria de dois terços dos votos. Certo é que não se trata de uma entrada direta de dinheiro na SAD, pois tal ocorreu nos últimos dois anos, nem de qualquer investidor ou investidores exteriores, dado que no processo de reestruturação financeira essa componente está prevista no aumento do capital social da SAD em 18 milhões de euros [ver peça à parte]. No fundo, a operação acaba por se traduzir numa transferência de crédito, que deixa a SAD com maior margem negocial, caso tenha oportunidade de transferir alguns dos ativos que estavam "blindados" por contratos de cedência de direitos económicos entre o grupo investidor e o detentor dos direitos desportivos e parte dos económicos dos atletas. A compensação à Holdimo será de 24% do capital social da futura estrutura acionista em caso de voto favorável dos sócios.