Santos deixou o cargo que ocupava há oito anos. Federação quer o técnico da Roma e pretende tê-lo no imediato, se possível. Fernando Gomes, líder federativo, faz mira ao treinador português mais titulado de sempre. Plano B, se for impossível contratar o Special One, está por definir e não há uma lista de alternativas.
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É oficial. Fernando Santos não é mais o selecionador de Portugal, encerrando ontem uma passagem de mais de oito anos pelo cargo e que ficou abrilhantada pelas conquistas do Euro"2016 e da Liga das Nações"2019.
O próximo passo da Federação Portuguesa de Futebol será encontrar um sucessor, como referiu, de resto, no comunicado da saída de Santos: "A Direção da FPF iniciará agora o processo de escolha do próximo selecionador nacional." E o plano A tem um nome: José Mourinho, o mais titulado treinador português, atualmente ao serviço da Roma.
Uma escolha que não surpreende, desde logo pelo currículo do técnico setubalense, de 59 anos, que desde que iniciou o seu trajeto no Benfica, em 2000, só não levantou troféus neste clube, no Leiria e no Tottenham, os únicos emblemas onde nunca fez uma época do princípio ao fim. A carreira conheceu os primeiros grandes sucessos no FC Porto e continuou a colecionar conquistas nas passagens por Chelsea (duas vezes), Inter, Real Madrid, Manchester United e Roma, até chegar às 26 do presente.
Segundo O JOGO apurou, a FPF pretende contar no imediato com o Special One, técnico que ontem, por coincidência, chegou ao Algarve, para realizar um estágio de preparação e que vai incluir um particular com o Casa Pia. À saída do aeroporto de Faro, Mourinho não respondeu aos jornalistas sobre a saída de Santos ou possibilidade de treinar Portugal. Uma decisão que se compreende, dado o vínculo que o liga aos giallorossi até 2024.
A Seleção volta a jogar em março, altura em que inicia a qualificação para o Euro"2024, e no caso de Mourinho estar indisponível até junho, a FPF admite uma solução interina, promovendo Rui Jorge, treinador dos Sub-21. Mas, segundo O JOGO apurou, caso o treinador manifeste à Roma que deseja a Seleção portuguesa, o clube terá abertura para se encontrar uma solução amigável. Em 2010, recorde-se, Mourinho chegou a reunir-se com Gilberto Madaíl, então presidente da FPF, para acumular funções com a de treinador do Real Madrid, hipótese desde logo rejeitada por Florentino Pérez, líder dos merengues.
Ainda segundo soube o nosso jornal, é possível que nos próximos dias tenha lugar um encontro entre a FPF e Mourinho ou um seu representante, nomeadamente o empresário Jorge Mendes, sendo certo que na federação não está ainda definido qualquer plano B.
Rescisão amigável
O acordo amigável para a rescisão de Santos, uma vez que o selecionador tinha contrato até ao verão de 2024, ficou alinhavado entre o técnico e Fernando Gomes, presidente da FPF, num encontro que teve lugar na terça-feira. Ontem, pelas 18h00, e quando a notícia da saída já era conhecida, um comunicado oficializou a separação, registada numa foto (tirada na Cidade do Futebol) em que Fernando Santos recebeu de Gomes uma camisola da Seleção com o seu nome, tal como sucedera no dia da sua contratação.
No referido comunicado, o organismo que dirige o futebol nacional assinalou: "A Federação Portuguesa de Futebol e Fernando Santos concordaram em dar por terminado o percurso de grande sucesso iniciado em setembro de 2014. Após uma das melhores participações de sempre da Seleção Nacional em fases finais do Campeonato do Mundo, no Catar, FPF e Fernando Santos entendem que este é o momento certo para iniciar um novo ciclo."
Vários internacionais portugueses, desde o subcapitão Pepe, passando por Bruno Fernandes e Bernardo Silva reagiram, através das redes sociais, à saída do selecionador, deixando agradecimentos. Já Cristiano Ronaldo, o capitão que protagonizou o episódio mais tenso de todo o Mundial, manteve-se em silêncio.
Special One ganha 8 M€ líquidos
Contratado em 2021, José Mourinho está ligado à Roma até ao final de junho de 2024 e aufere em Itália 8 M€ líquidos, o que corresponde a um custo de 12 M€ para o emblema romano. No caso de querer manter o salário em Portugal, a FPF terá de fazer um investimento superior face ao valor dos impostos a pagar.