Cancelo a O JOGO: "Guardiola é impressionante como treinador, estou-lhe muito agradecido"
ESPECIAL EDIÇÃO ANIVERSÁRIO - Lateral acertou com o Manchester City que o melhor seria sair e garante que não podia recusar a possibilidade de representar o Bayern.
Aos 28 anos e após três épocas e meia no City, Cancelo foi emprestado ao Bayern. Queria jogar mais e os bávaros fizeram tudo para o contratar, como confessa em entrevista a O JOGO, realizada via Zoom.
Como surgiu a possibilidade de ingressar no Bayern?
- Não foi muito pensada. Falei com o City, estávamos de mútuo acordo que o melhor seria mudar de clube e surgiu esta oportunidade do Bayern. Resolvi ter numa nova aventura. Gosto disso e de mostrar o meu futebol em todos os países em que passo, foi uma oportunidade boa e aceitei.
Como estão a correr os primeiros jogos?
- Estão a correr bem, tem sido positivo até agora. Perdemos o último [com o M"Gladbach], infelizmente tivemos um jogador expulso ao minuto oito e não foi um jogo fácil. Encontrei uma forma diferente de jogar, mas estou a gostar muito, é um clube espetacular, com muita história. Espero ser capaz de mostrar o meu futebol nestes quatro meses, que é o tempo de duração do meu contrato, e depois logo se vê o que acontece.
Está a corresponder às expectativas?
- Sim, estou a gostar. A cidade é muito bonita, fui muito bem acolhido. Tenho um bocado de dificuldade na língua, é muito difícil. Já tive uma aula, mas ainda não deu para perceber grande coisa. Vou procurar adaptar-me o mais rápido possível, porque para já tenho um contrato curto. Eles têm uma opção de compra, não sei se a irão exercer ou não mas, enquanto cá estiver, vou dar o melhor de mim porque eles, desde que souberam que estava no mercado, chegaram-se logo à frente, foram os primeiros, fizeram tudo para me contratar. Fico honrado com isso.
É muito diferente o que Nagelsmann lhe pede por comparação com o que pedia Guardiola?
- É um treinador muito exigente, já deu para perceber, muito apaixonado pelo trabalho. Mas são métodos de trabalho diferentes. O Pep tem mais aquele estilo de ter muita bola, aqui temos um jogo com mais passes verticais, muitos cruzamentos para a área. É diferente. Cada um ao seu estilo, mas já deu para perceber que são dois grandes treinadores. Com o Pep estive três anos e meio e o meu futebol já fluía de uma maneira diferente, sabia o que ele queria de mim, com o Julen estou a procurar adaptar-me o mais rapidamente possível e espero que possamos ganhar títulos este ano. A Bundesliga está dificílima... Mas é trabalhar no dia a dia para assimilar ao máximo os conceitos que ele procura passar e dar o meu melhor.
Já jogou em Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra. Encontrou grandes diferenças na Bundesliga?
- Sim, de facto do top-5 só me falta o campeonato francês... Já percebi que na Alemanha há um futebol muito físico e os jogadores são taticamente muito bons. As equipas alemãs são muito inteligentes na forma de jogar. É a impressão que retiro destes primeiros jogos. Em Inglaterra, se calhar, encontrava jogadores tecnicamente mais evoluídos. Mas a ideia principal é essa, as equipas são muito bem organizadas e físicas também.
E como é o ambiente nos estádios?
- Impressionou. Não via muito a liga alemã antes de vir para cá, mas em todos os jogos em que joguei os estádios têm estado espetaculares. No último, frente ao M"Gladbach, estavam 45 mil pessoas. Já joguei contra o Dortmund antes de vir para o Bayern e deu para perceber que têm um estádio magnífico também. Nós jogamos na Allianz Arena, que também é espetacular, quando entramos até dá medo por termos ali 75 mil pessoas a aplaudir.
O Bayern como clube surpreendeu-o?
- Desde o primeiro dia senti muito que eles me queriam aqui. Fizeram-me perceber que desejavam que me adaptasse o mais rápido possível. Este é um clube muito familiar, mas também é muito exigente. As pessoas são muito profissionais e eu gosto disso. A escola alemã é um pouco diferente da inglesa. A disciplina é muito forte, nos treinos é impressionante a forma como trabalham.
No Bayern tem mais possibilidades de vencer a Champions do que no City que nunca ganhou a prova?
- O City é o clube onde, de todos onde passei, me senti melhor. Foi lá que atingi o nível que desejava. Penso que o City e o Bayern estão ao mesmo nível. Claro que o City é muito familiar para mim, até pela forma de jogar, adequada ao meu estilo de jogador. O Pep é impressionante como treinador, faz evoluir os jogadores e faz com que estes atinjam um nível muito alto. Estou-lhe muito agradecido por isso. Em relação à pergunta, penso que estão em pé de igualdade para ganhar a Champions. Ao City falta-lhe só esse passo de ganhar a primeira, é uma coisa que procuram há muito tempo e têm uma equipa fortíssima para o conseguir. Mas é preciso não esquecer que em Inglaterra têm ganho muito. Fiz parte do projeto e por tudo o que fizeram é preciso dar-lhes os parabéns.
LEIA AS OUTRAS PARTES DA ENTREVISTA: