Abuso sexual, tráfico de drogas e violência: a infância conturbada de Dele Alli
Internacional inglês foi avaliado em 100 milhões de euros há apenas três anos.
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Dele Alli chegou a ser num passado recente uma das grandes esperanças do futebol inglês. Com uma tenra idade, afirmou-se como titular indiscutível do Tottenham entre 2015 e 2018, período em que registou 46 golos e 34 assistências em 146 partidas disputadas, mas os últimos anos têm sido uma autêntica "queda ao inferno".
As últimas três temporadas e meia nos spurs foram marcadas por um grande declínio, tanto em termos de utilização como participação em golos, com o médio ofensivo a rumar ao Everton em janeiro de 2022, onde também não conseguiu regressar à melhor forma.
No verão do ano passado, o Besiktas assegurou o empréstimo de Alli por uma temporada, mas a aventura trouxe-lhe poucos motivos para sorrir, com o internacional inglês, de 27 anos, a marcar apenas três golos em 15 jogos, voltando a ser mais falado por polémicas extra-campo.
Esta quinta-feira, o jogador concedeu uma entrevista a Gary Neville, em direto para o seu canal de Youtube "The Overlap", onde revelou que, após regressar da cedência aos turcos, decidiu integrar um centro de ajuda mental, devido a um consumo excessivo de comprimidos para dormir.
"Causa-me medo falar sobre isso. Quando voltei da Turquia e me apercebi que precisava de ser operado, estava muito mal mentalmente e decidi ir a um centro de reabilitação de saúde mental. Eles tratam vícios e traumas. Senti que era o meu momento. Não te podem dizer para ires, tens de sabê-lo e tomar a tua própria decisão, caso contrário não funcionará", salientou.
Alli abordou ainda a sua infância conturbada, contando episódios que o marcaram: "Aos seis anos, fui abusado sexualmente por um amigo da minha mãe, que passava muito tempo lá em casa. A minha mãe era alcoólica. Enviaram-me para África para aprender disciplina e depois enviaram-me de volta".
"Aos sete anos, comecei a fumar. Aos oito, comecei a traficar drogas. Alguém mais velho disse-me que não iriam prender um menino numa bicicleta, por isso andava com uma bola de futebol e, por baixo, levava as drogas. Aos 11 anos, penduraram-me de uma ponte. Foi um homem do bairro vizinho", prosseguiu.
Felizmente para Alli, no ano seguinte foi adotado por uma "família incrível", que lhe permitiu deixar o mundo da criminalidade e abraçar uma carreira promissora no futebol. Ainda assim, o médio inglês revelou que, numa fase ainda muito precoce da carreira, esteve perto de terminar a carreira.
"Levantei-me numa manhã em que tinha de ir treinar. Lembro-me que me olhei ao espelho e perguntei a mim mesmo se me podia retirar já. Aos 24 anos, enquanto fazia o que gostava. Foi de partir o coração. Sempre fui eu que estive contra mim em tudo", lamentou.
Uma pessoa que assistiu de perto ao que Alli pode fazer na plenitude das suas capacidades é Mauricio Pochettino, que acompanhou o seu auge no Tottenham e atualmente orienta o Chelsea, tendo admitido recentemente que está preocupado com o antigo pupilo.
"Espero ter tempo para ligar-lhe e ver como está. Dele é um grande rapaz. Quero falar com ele para saber o que está a passar. Ele ainda é jovem, por isso a sua mentalidade pode mudar. Certamente que ainda vai voltar", comentou o argentino, em conferência de imprensa.
Em resposta, Alli desfez-se em elogios a Pochettino, dizendo ter tido uma relação com o treinador que ia além do contexto futebolístico.
"Pochettino foi o melhor treinador que podia ter pedido naquele momento. Não era como uma relação entre um jogador e um treinador, senti que era mais profunda do que isso. Ele era muito compreensivo com as decisões que tomava e guiava-me, preocupava-se por mim enquanto pessoa antes do futebol", concluiu.
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