Os Wolves (Lobos) ingleses andam encantados com Nuno Espírito Santo. Ainda mais agora que foi eleito Treinador do Mês na Premier League. Hoje falamos um pouco do técnico português do Wolverhampton, que conta com sete futebolistas lusos no plantel, e de outras conexões a Portugal num emblema que vive dias de entusiasmo. Apenas algumas notas do dia seguinte ao primeiro galardão em "terras de sua majestade" e alguns factos que apontam para o crescendo de valorização da "matilha".
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A eleição de Nuno Espírito Santo como "Treinador do Mês" da liga inglesa, para lá do mérito pessoal e da estatística com critério pátrio - é o terceiro português no histórico do prémio, depois de Mourinho e Villas-Boas -, é apenas mais um episódio no entusiasmo crescente em torno do Wolverhampton. Que o digam as médias no Estádio Moulineux, que esteve "à pinha" nos quatro jogos já realizados na Premier League.
Mais difícil do que quantificar matéria de facto - lá iremos, mais abaixo - é quantificar as emoções dos adeptos dos Wolves, sendo que o orgulho é hoje um ato partilhável e materializável num sem número de publicações em redes sociais. Entre estas, mais por empatia profissional e amizade pessoal do que por amor ao emblema, podemos encontrar a de Carlos Carvalhal, que ainda ontem foi dos primeiros a congratular Espírito Santo, com um tweet: "Grande trabalho".
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Existe, claro, um orgulho luso e uma especial atenção no rumo dos Wolves. É que além dos quatro elementos da equipa técnica, há que contar com sete jogadores: Rui Patrício, Ruben Vinagre, Ruben Neves, João Moutinho, Diogo Jota, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa.
A glória, já se sabe, mede-se pelas conquistas. Nuno está ainda aquém dos títulos conquistados como jogador: Liga dos Campeões (2003-04), Liga Europa (2002-03), quatro vezes campeão português e vencedor de três Taças de Portugal. O contraste faz-se com o estatuto de campeão da segunda liga inglesa (Championship), ganho na época passada, na pele de treinador.
Mas os pouco mais de 220 mil habitantes de Wolverhampton, cidade das West Midlands inglesas, sabem que têm ali uma personalidade cativante, um emigrante de luxo que lhes empresta o prestígio e um homem com valores no discurso. E cativa, o que é uma importante conquista, não só pela valorização da marca, como pelas não menos importantes emoções dos adeptos. Como foi o exemplo de uma jovem adepta dos Wolves, que faltou às aulas para lhe entregar o prémio do mês.
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Podem até parecer redundantes, mas as palavras de Nuno são sempre para a equipa e para o protagonismo dos jogadores. Assim o fez mais uma vez ontem. E assim ganha equipa, ganha a simpatia dos adeptos e já só lhe falta ganhar um título de primeira como treinador, recordando que esteve bem próximo disso, quando em 2016-17 o perdeu para o Benfica, ficando o FC Porto no segundo lugar, seis pontos mais atrás.
A empatia da imprensa britânica para com os Wolves e a armada lusitana tem sido grande. A exemplo, a apreciação à equipa assinada feita por um dos principais colunistas do BirminghamLive, a propósito da eleição do treinador português. Sob o título "Rui Patrício sublinha o seu estatuto e João Moutinho vale cada cêntimo e muito mais", Ryan Leister não poupa elogios aos vários jogadores portugueses e a outros que passaram pelo nosso campeonato, como Willy Boly (FC Porto) e Raúl Jiménez (Benfica).
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E se as apreciações jornalísticas se enfatizam pela independência, já a comunicação do próprio emblema ganha pela agregação e engajamento dos adeptos. Ao ponto de os Wolves, desde ontem, estarem a pedir aos internautas e frequentadores das suas redes sociais para compararem a atual dupla João Moutinho/Rúben Neves com a dupla histórica Paul Ince e Alex Rae. Naturalmente, Paul Ince, antigo internacional inglês, prefere a sua. Mas acha que, nos dias que correm, o meio-campo do Wolverhampton está bem entregue aos dois portugueses.
A cotação de Nuno Espírito Santo está em alta, as expectativas dos adeptos também. É um dado curioso, mas segundo as contas do site TransferMarket, desde 1974/75 que as assistências nos jogos em casa não eram tão grandes. Neste momento, e depois de quatro jogos completamente esgotados, a média de espetadores ronda os 31 mil nas bancadas do Moulineux. Na época passada, já com Nuno à frente dos Wolves, a média foi de 28 mil, a terceira maior desde 1980-81.