Não é mais do que um mini êxodo judaico para fintar o Shabat. Em Espanha, o jogo começa depois do sol se pôr, que é quando uns 35 adeptos judeus argentinos do Boca se sentirão à vontade para verem televisão e não ferirem as suas crenças. A fé move oceanos da frente da televisão. E em Israel, há muitos adeptos do Boca satisfeitos com o fuso horário.
Corpo do artigo
Abaixo do Equador, só o Carnaval rivaliza com a Taça Libertadores. E, por estes dias, ganha o segundo, com um cheirinho a tango. A loucura vive-se na Argentina e Buenos Aires está no topo do mediatismo do futebol. Boca Juniores e River Plate defrontam-se este sábado, em luta pelo título continental sul-americano. Já não bastava ser um "Superclásico" (o dérbi da capital), é visto como o clássico de todos os tempos.
Na net, são aos milhões as entradas sobre a grande final. Não há um media dos mais poderosos que não fale do assunto. Afinal, há latino-americanos espalhados pelos cantinhos todos do planeta. E há mil e um episódios a serem contados, que é assim que se geram as lendas.
https://www.instagram.com/p/Bp9aAljgYJF/
Um dos mais interessantes nos jornais de hoje está plasmado no La Nacion, periódico do país das Pampas, que conta a história de 35 judeus argentinos que resolveram fintar o Shabat (a maior parte do sábado em que o seu credo os impede de muita, mesmo muita coisa) e poderem, pelo menos, assistir ao jogo pela televisão (uma das proibições). É que esta primeira mão, a disputar na Bombonera, começa às 17h00, um horário judaicamente proibitivo.
Não foi simples, implica atravessarem o oceano e uma mão cheia de fuso horários. Aqueles 35 - e consta que não são os únicos -, quase todos ferrenhos do Boca, rumaram a Espanha (aonde já devem ter chegado, à hora desta publicação), onde vão poder assistir, a partir das 21h00 locais (já o sol se pôs no território espanhol), ao encontro pela televisão.
https://www.facebook.com/lanacion/posts/10156515252144220?__tn__=-R
Apesar dos pedidos, muitos deles com força institucional, para mudar os jogos para domingo, por causa da imensa comunidade judaica na argentina, a CONMEBOL (confederação sul-americana de futebol) não cedeu. É caso para dizer que a força da fé move oceanos da frente de um televisor.
Mas esta conexão judaica não termina aqui. Em Telavive, a capital de Israel, a grande final é muito aguardada. Há milhares de adeptos do Boca que ali vivem e que estão bem satisfeitos com as diferenças horárias, razão pela qual os locais públicos, onde se costumam juntar, publicitam o jogo, como no cartaz da foto que abre este artigo. Quando a bola começar a pinchar na Bombonera, a 12 mil quilómetros de distância, já é noite cerrada no Médio Oriente.
1060858976760414213
Vencedor recebe 5,25 milhões de euros
A importância do #Superclásico é também assombrosa em termos económicos, pelo menos para os participantes. O vencedor embolsará seis milhões de dólares (cerca de 5,25 milhões de euros), enquanto o vencido ganha "apenas" três (2,6 ME), segundo as contas da televisão argentina TyC Sports.
1060697526041501696
Cartão vermelho ao adepto que pintou o cão.
A maior polémica matinal da véspera do jogo da primeira mão da final da Taça Libertadores foi... o cão pintado com as cores do Boca Juniores, por um adepto ferrenho.
As redes sociais ficaram imediatamente pejadas de indignações por maus tratos ao animal e são inúmeros os pedidos para que o seu dono seja identificado pelas autoridades.
https://www.instagram.com/p/Bp5UvZ7h_Gg/
Cartão amarelo a Cristian Pavón
Menos indignados, mas muito pouco satisfeitos estão alguns adeptos do Boca, que não perdoam o avançado Cristian Pavón por ter feito uma tatuagem uns dois ou três dias antes da grande final.
A indignação está patente, como é óbvio, nas redes sociais, nomeadamente na fotografia que o próprio publicou no seu Instagram, como pode ver em baixo. "Não sabes que isso pode infeccionar?" é, digamos, um dos mais suaves comentários.