Zinchenko: "Passaram sete semanas e algumas pessoas começam a esquecer-se..."
Jogador do Manchester City continua a dar voz à revolta ucraniana e mostra-se desapontado com os amigos que tinha na Rússia.
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Oleksandr Zinchenko, jogador ucraniano do Manchester City, em entrevista ao "The Athletic", fez questão de apelar para que se continue a dar destaque à guerra na Ucrânia, que considera para muitos já estar a tornar-se uma coisa normal. "Algumas pessoas começam a adaptar-se à brutalidade que se vive no meu país", afirmou.
"Não consigo viver afastado desta situação. Neste momento a minha vida é tentar acompanhar tudo o que se passa. A primeira coisa que faço todos os dias é pegar no telemóvel e, depois, ando sempre com ele na mão. Já passaram sete semanas e podemos ver que algumas pessoas se começam a esquecer, a começar a adaptar-se à brutalidade que se vive no meu país. Não, não, não. Há gente a passar fome, a morrer, corpos a serem descobertos, como é que podes relaxar? Tens de falar ainda mais", começou por dizer o defesa-esquerdo.
"Cada vez odeio mais as pessoas que invadiram o meu país. Não vou parar de falar nisto, porque o mundo precisa saber a verdade. Nem os soldados russos percebem porque foram para lá. Estão a lutar por quem? Para quê? Para quê lutar por um tipo que está escondido num bunker há quase dois meses? Estas pessoas, que nem consigo chamar-lhes pessoas, porque não tenho palavras para elas, não têm ideia de qual o propósito disto", continuou.
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"Tinha amigos lá [na Rússia], um círculo reduzido, mas agora está reduzido a quase nada. Estou muito desapontado. Assim que se deu a invasão enviaram-me mensagens: "Lamento, Alex, mas não posso fazer nada". Claro que podes. Se te calares significa que apoias o que está a acontecer na Ucrânia e não consigo perceber por que razão o fariam", afirmou sobre os seus conhecidos russos, que nada fazem para tentar mudar a situação que se vive entre os dois países.
"Talvez possam estar assustados. Vemos imagens de russos nas redes sociais que estão a ser levados para a prisão se protestam. Mas vejam o caso dos jogadores ou alguém com uma audiência grande. Conseguem imaginar que, se todos protestarem e publicarem no Instagram algo do género "malta, estamos contra a guerra, isto tem de parar", seriam presos? Claro que não! E é uma pena eles não dizerem nada", concluiu Zinchenko.
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