Yuri Ribeiro: o tempo de jogo no Benfica, a liga de sonho e a cultura da faltinha
ENTREVISTA - Após dois anos de evolução no Nottingham Forest, do Championship, segundo escalão inglês, Yuri Ribeiro, lateral-esquerdo de 24 anos, conversou com O JOGO sobre aprendizagem e ambições.
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Yuri Ribeiro, lateral-esquerdo de 24 anos, terminou a aventura no Nottingham Forest com um saldo "muito positivo". Evoluiu no físico e na mentalidade...a cultura da faltinha não pega mesmo por lá.
Que perspetivas tem para o futuro neste momento?
-Esta época correu bem. No início, não tive o tempo de jogo que queria, mas acabei por fazer muitos jogos. Terminei o contrato e têm aparecido algumas propostas, sobretudo do estrangeiro. O mercado ainda está um pouco parado, mas gostava de resolver a minha vida nas próximas semanas.
Há alguma liga na qual tenha o sonho de jogar?
-Sempre tive o sonho da Premier League. Joguei no Championship, não é a mesma coisa, mas está entre os campeonatos mais competitivos, o futebol é muito atrativo. Campeonato espanhol e alemão também são, mas o inglês foi sempre aquele onde quis jogar.
O balanço da passagem pelo Nottingham Forest é, então, positivo?
-Muito. Tinha vindo do Benfica, onde não tinha tido o tempo de jogo que queria. Na primeira época, estivemos quase a ir ao play-off [de subida], só na última jornada é que não deu. A segunda já não foi tão boa, estivemos na luta para não descer, mudaram algumas coisas no clube. Mas a minha mentalidade foi sempre a de tentar evoluir ao máximo. Tracei objetivos e atingi-os, tive muito tempo de jogo num campeonato muito exigente em termos físicos.
Que diferenças para o Yuri Ribeiro que chegou a Inglaterra?
-Evoluí muito em termos físicos. Sempre fui forte, não falo de altura ou de arcaboiço, mas de andamento, de aguentar os 90 minutos sempre a correr. Inglaterra ainda me fez melhorar. Em termos de mentalidade, a dos ingleses é um pouco diferente, o jogo não para tantas vezes, o árbitro não é enganado pelos jogadores naquelas faltinhas só de um toque e o jogador cai...eu próprio, quando jogava em Portugal, às vezes tentava aproveitar. Em Inglaterra, quando fazia, não marcavam e fui aprendendo. Sabia que, se caísse, não iam marcar nada.
Essa mentalidade é um dos aspetos nos quais a liga portuguesa mais precisava de melhorar?
-Sim. As pessoas falam dos árbitros mas tem de vir dos jogadores, somos o exemplo. Falo por mim, caía quatro ou cinco vezes. Em Inglaterra, também sentia no adversário uma mensagem de "não faças isso, tens de mudar". Fiquei com a mentalidade de vamos jogar, estamos aqui a fazer o que gostamos e vamos aproveitar o máximo os 90".
Há muitas diferenças nos métodos de trabalho?
-Tínhamos ginásio antes e depois do treino. Nisso há muita diferença, eles dão muito valor ao trabalho de ginásio. Em termos de treino, havia algumas diferenças. No Championship, as primeira seis/oito equipas têm um futebol muito atrativo, de posse de bola, enquanto a maior parte das restantes usa um futebol mais direto, um pouco diferente do campeonato português, onde as 18 equipas gostam todas de jogar, saem a partir do guarda-redes e têm um futebol muito de posse. Isso foi mais trabalhado no Rio Ave e Benfica do que em Inglaterra.