Vítor Silva e a crise no Reus: "Presidente diz que vai resolver o problema desde agosto..."
Brilhou no Penafiel e no Paços de Ferreira, assinou pelo Sporting e há cinco anos que joga na II divisão espanhola, onde não recebe salário há três meses.
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São dias difíceis aqueles que se vivem no Reus, clube que milita na segunda divisão espanhola. Os jogadores não recebem há três meses e, na última jornada, decidiram protestar: no jogo com o Alcorcón, permaneceram, ao longo do primeiro minuto da partida, abraçados no centro do terreno, e recusaram-se a jogar.
A OJOGO, Vítor Silva, um dos portugueses do plantel, contou como se vive esta crise num balneário, que, apesar das dificuldades, "nunca colocou em causa o companheirismo". O médio, ex-Sporting, cumpre a quinta temporada no Reus, mas devido a problemas económicos, não foi inscrito.
"O clube não cumpriu com os requisitos impostos pela Liga, o controlo económico, que não permite que os clubes gastem mais do que as receitas que têm. Em função desse limite a Liga não permitiu que quatro jogadores fossem inscritos e eu fui um deles. A promessa era de que nos inscrevessem no mercado de inverno, mas ao que parece será muito difícil", diz o médio, de 34 anos.
O momento é complicado e as soluções teimam em não aparecer: "Desde agosto que o presidente diz que o problema se vai resolver, mas a verdade é que o tempo foi passando e até hoje não vimos solução...". Vítor Silva, que chegou a jogar na Liga dos Campeões pelo Paços de Ferreira, revela que a solução, em teoria, passava por uma "ampliação de capital", que nunca chegou a acontecer. Neste momento fala-se numa possível venda do clube, mas os jogadores "estão à parte dessas negociações".
Formado no Penafiel, de onde é natural, Vítor é um dos mais experientes num balneário que tem dificuldades em estar focado, mas onde o companheirismo é palavra de ordem: "Tentas competir ao máximo, mas, por vezes, a tua cabeça não está focada no objetivo principal devido a esta situação. Felizmente temos um bom grupo".
O primeiro protesto aconteceu frente ao Alcorcón e, um segundo, é uma hipótese, mas não uma certeza, diz o médio: "Sinceramente não sei no futuro vai voltar a haver um protesto, depende muito da resolução do problema".
Aos 34 anos, e apesar das dificuldades mais recentes, Vítor Silva faz um balanço "muito positivo" da passagem pelo futebol espanhol, conta que "se pudesse tinha ido mais cedo" e aconselha outros jogadores a experimentar jogar no país vizinho.
Ainda assim, um regresso a Penafiel ou a Paços de Ferreira, onde jogou a maior parte da carreira, é uma hipótese que vê com bons olhos: "Já pensei em voltar várias vezes e se o convite surgir haverá uma grande possibilidade de eu aceitar. Ficaria muito orgulhoso".
Vítor Silva foi formado nas escolas do Penafiel, onde subiu a sénior. Passou ainda, por empréstimo dos durienses, pelo Lousada e pelo União da Madeira. Em 2011/12 transferiu-se para os castores, onde viveu uma das melhores fases: foi uma peça fundamental da equipa de Paulo Fonseca que acabou em terceiro lugar e conseguiu discutir um lugar no play-off para a Liga dos Campeões.
Apesar de ter sido afastado frente ao Zenit, as boas exibições levaram o Sporting a contratá-lo na época 2013/2014, mas a passagem durou apenas um ano. Seguiu depois para o Reus (98 jogos e 11 golos), onde se encontra atualmente à espera de uma oportunidade para voltar a competir.
Entretanto, a Liga Espanhola assegurou que irá pagar os salários em atraso dos jogadores do Reus, caso o clube não o faça, para evitar o abandono da equipa do segundo escalão. Os "Ganxets", onde também jogam os portugueses Luiz Gustavo e Ricardo Vaz, ocupam a 20.ª e antepenúltima posição da tabela classificativa, com 16 pontos.