Vítor Matos, ex-FC Porto, quer "projeto a longo prazo" para ser treinador principal
Técnico esteve no FC Porto, Shandong Luneng, Liverpool e Red Bull Salzburgo, sempre como adjunto
Corpo do artigo
Vítor Matos, treinador português de 37 anos que passou pelo FC Porto (formação e equipa B), Shandong Luneng, Liverpool e esta temporada pelo Red Bull Salzburgo, sempre como adjunto, vai iniciar a carreira a solo, como treinador principal.
Em entrevista à Marca, falou do que espera do futuro: "Todos os treinadores querem a mesma coisa: uma equipa com sentido de pertença e um projeto a longo prazo que lhe permita construir um plantel competitivo e de acordo com a sua identidade, de forma a potenciar os jogadores... e o próprio clube. Espanha? É uma das melhores ligas do mundo, a par da Premier League. Como português, é um campeonato que me atrai. Além disso, sempre me senti à vontade com os espanhóis."
Vítor Matos falou de seguida sobre as suas influências: "Mourinho despertou em mim o desejo de ser treinador, como aconteceu com muitos outros portugueses da minha geração. Mudou a metodologia e levou o FC Porto a ganhar a Liga dos Campeões e a UEFA. Depois veio Guardiola, que foi algo totalmente diferente do que eu tinha visto: fez evoluir o jogo. Considero-me um treinador jovem e muito determinado. Sinto que dei os passos necessários para me conhecer melhor e preparar-me bem para esta nova etapa. Considero-me, acima de tudo, um treinador ofensivo. O meu objetivo é que os adeptos saiam com vontade de ver o próximo jogo. Em termos de estilo, é difícil dissociar-me de Klopp. Gosto de ser dominante, fluido com a bola e agressivo sem ela, na pressão após uma derrota. Ficar o mais perto possível da baliza adversária durante o máximo de tempo possível. A minha ideia é, sem perder o equilíbrio, criar superioridade e diferentes variações para chegar ao golo. Parto de um padrão associativo. Gosto de dar liberdade ao jogador, sabendo que por vezes a jogada pede dois passes, outras vezes 10, outras vezes 25."
Por último, recordou como foi trabalhar com Klopp: "É engraçado. Comecei a seguir Jurgen Klopp quando ele ganhou a sua primeira Bundesliga com o Borussia Dortmund. Em 2011, que foi o ano em que comecei a treinar na equipa de juniores do Porto. Gostava da organização que ele tinha a defender e da energia e verticalidade que as suas equipas tinham com a bola, ameaçando constantemente a baliza adversária. Era incrível de ver. Quem diria que, por ironia do destino, acabaríamos por trabalhar juntos. Pepijn Lijnders é um bom amigo e estou-lhe extremamente grato. Tanto ele como Jürgen identificaram a necessidade de uma pessoa que fizesse a ligação entre a academia e a equipa principal, bem como para ajudar nos treinos e apoiar o plano de jogo. Recém-chegado, procurei sobretudo ver e ouvir... e ter uma certa sensibilidade quando se tratava de sugerir mudanças ou ideias. Ter a oportunidade de trabalhar tão jovem ao mais alto nível é uma oportunidade única. Cada dia com Klopp é uma masterclass. Jurgen, além de ser muito autêntico, é um líder, com letras maiúsculas. Sabia dar espaço ao jogador e ser flexível na construção da sua ideia de jogo, mas ao mesmo tempo era extremamente exigente para criar uma cultura vencedora de acordo com os seus princípios, como a que criou no Liverpool. Há uma coisa que ele repetia muitas vezes: 'Não queremos ser os melhores, mas queremos ganhar e competir contra os melhores.'"