Treinador largou a bomba ao revelar a saída em conferência de Imprensa e já nem seguiu com a equipa para Lens, onde o OM joga amanhã, quarta-feira. Nação marselhista defende a decisão e pede a cabeça do presidente
Corpo do artigo
É guerra: o Marselha diz que vai acionar André Villas-Boas disciplinarmente, depois de o treinador português ter esta terça-feira apresentado a sua demissão em público, na conferência de Imprensa que antecedeu a visita ao Lens.
As relações tensas entre a estrutura dirigente do emblema francês e o técnico já vêm de longe e atingiram, confirmou O JOGO, o ponto de rutura com a contratação do médio Olivier Ntcham, contra o desejo do treinador, que já nem seguiu com a equipa para estágio.
Aos jornalistas, Villas-Boas, que voltou a prescindir de indemnização como é sua prática, foi claro: "Avancei com a minha demissão por não concordar com a política desportiva do clube. Não quero dinheiro. Só quero ir embora". Horas depois, o emblema do sul de França emitiu um comunicado, classificando de "inaceitáveis" as declarações de Villas-Boas e saindo em defesa do diretor-desportivo Pablo Longoria. "Possíveis sanções poderão ser tomadas contra Villas-Boas na sequência do processo disciplinar", terminou a nota.
Certo é que as posições estão extremadas e marcadas pelo episódio do passado sábado, quando 300 adeptos invadiram o centro de treinos da equipa, direcionando a sua ira para o presidente Jacques-Henri Eyraud e visando o mau ambiente que se diz existir no plantel, entre o qual as vedetas Payet e Thauvin não se falam - 25 pessoas acabaram detidas em resultado dos protestos.
Na sua segunda época no Marselha, o treinador começou a afastar-se do projeto em maio de 2020, perante a saída do diretor-desportivo Andoni Zubizarreta. Ao que O JOGO apurou, Villas-Boas ponderou o futuro, mas sentiu apoio do grupo de trabalho para ficar. Contudo, as diferenças acentuaram-se e os dirigentes ficaram agastados por sentirem que o treinador tem sido "poupado" às duras críticas que surgem tanto de fora como de dentro da família do OM.
Ainda esta terça-feira, Bernard Tapie, presidente do Marselha na sua áurea (e polémica) fase na viragem dos anos 1980 para os anos 1990, atirou: "O treinador pode sair, mas há outra pessoa que tem de o seguir e está a gerar esta confusão. Jacques-Henri Eyraud tem de perceber que aquele lugar não é dele."