Villas-Boas elege um "golden boy" e faz contas aos treinos de um nadador olímpico
Treinador português marcou esta quarta-feira presença na Web Summit.
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Num painel denominado "Estrelas emergentes: Como se chega ao topo?", André Villas-Boas marcou esta quarta-feira presença na Web Summit e afirmou que "o talento surge em diferentes mentalidades e expectativas" e os próprios líderes também precisam de se adaptar, nomeadamente à cultura do país onde treina.
"Alguns jovens jogadores sentem um pouco mais de pressão, outros não gostam muito disso, em alguns é preciso ser mais estrito. Faz parte da liderança moderna ter esta flexibilidade no estilo de liderança. São estratégias que dependem do líder e tem de se encontrar o padrão correto para os atletas meterem talento dentro de campo", frisou.
Com passagens por Académica, FC Porto, Chelsea, Tottenham, Zenit, Shanghai SIPG e Marselha, André Villas-Boas considerou "estimulante" todas as experiências enquanto treinador em diversos países, exemplificando que os futebolistas chineses "estão mais habituados a seguir ordens, numa regra quase de ditadura", em comparação com os países europeus, onde "há o lado criativo de deixar os futebolistas terem liberdade".
"O Gareth Bale foi um desses exemplos. É um jogador que gosta dessa liberdade e, no Tottenham, produziu uma época incrível comigo, que o levou para o Real Madrid, no qual ganhou uma série de troféus. Por vezes, é preciso abrir essa liberdade", argumentou.
O talento existente nas camadas jovens nem sempre tem oportunidade de se exprimir ao mais alto nível, apesar das expectativas elevadas incutidas nos jovens futebolistas, mas "a janela de oportunidades é curta e os treinadores estão sempre sob pressão".
"Muitos clubes estão em ruína financeira e têm de aproveitar a formação. Aí, a janela é um pouco mais alargada e confiam mais na formação. Esses jovens são mais expostos e há mais oportunidades", prosseguiu o vencedor de Liga dos Campeões e Liga Europa.
Contando que assistiu ao Borussia Dortmund-Sevilha, da UEFA Youth League, e que "o número de olheiros nesse jogo era provavelmente maior do que no jogo dos seniores", Villas-Boas falou também da cultura do corpo e da parte física, que, nos últimos anos, se tornou parte importante do futebol, transformando atletas em "máquinas físicas".
"Ainda há margem para melhorar. Em termos horários, um nadador olímpico gasta seis a oito horas diárias num treino e os futebolistas dedicam uma hora e meia ou duas horas. Temos muito a melhorar e a aprender com outros desportos ainda", destacou.
A fechar o painel, e já depois de também opinar sobre a saúde mental dos atletas, o português nomeou o brasileiro Hulk como o seu "golden boy", uma vez que foi o seu treinador em três equipas diferentes: FC Porto, Zenit (Rússia) e Shanghai SIPG (China).
A sétima edição da Web Summit arrancou em Lisboa na terça-feira e termina na sexta-feira, contando com mais de 70.000 participantes, 2.630 'startups' e empresas, 1.120 investidores e 1.040 oradores.
A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se na zona do Parque das Nações em Lisboa em 2016 e vai manter-se na capital portuguesa até 2028.
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