Vietto, ex-Sporting: "Pensei em deixar o futebol, não sabia o que estava a fazer"
Declarações de Luciano Vietto, atual jogador do Racing de Avellaneda, em entrevista ao diário argentino Olé
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Luciano Vietto, ex-jogador do Sporting, assumiu em entrevista ao Olé que chegou a pensar deixar o futebol, quando atuava na Europa e na Arábia Saudita e estava a perder a paixão pelo jogo, não produzindo ao nível que desejava. Agora, no Racing de Avellaneda, no seu clube do coração e perto da família, vive momentos felizes.
Veja excertos da entrevista:
Teve alguns momentos difíceis na carreira? "Acho que há mais maus do que bons, sem dúvida. Há momentos em que não se pode jogar, em que o treinador não nos tem em conta, em que a equipa não está numa boa situação. O meu segundo ano na Arábia [em 2022, no Al Shabab] foi muito duro. Mas é isso que nos faz amadurecer, aprender, tornarmo-nos mais fortes na vida e como futebolistas. Ganha-se experiência e constrói-se uma armadura para se ser mais estável emocionalmente. É um ponto muito importante para os futebolistas de hoje em dia."
O que é que pensou durante esses momentos difíceis? "Cheguei a pensar em deixar o futebol. Parece-me incrível, mas a certa altura pensei nisso.... Na Arábia, houve momentos em que... E na Europa, entrei em campo e não me sentia eu próprio. Passei um mau bocado, não me sentia concentrado no futebol. Não sabia o que estava a fazer em campo. Parece inacreditável que, quando era jovem, pudesse sequer pensar nisso. Se me ouvires a mim ou a qualquer outro jogador, verás que eles tiveram esse tipo de problema. Estes tipos de problemas acontecem e é preciso ajuda."
Recorreu à psicanálise? "Não, mas tive colegas mais abertos a falar e que disseram que também precisavam de ajuda. Não se deve ter vergonha de o dizer, de contar e de receber essa ajuda."
Como é que foi a sua experiência de vida na Arábia? "As pessoas, para ser sincero, recebem-nos muito bem, ajudam-nos muito, sabem que não estamos no nosso país nem na nossa cultura, por isso a ajuda é dupla. Estou-lhes muito grato porque sempre me trataram muito bem, mas é completamente diferente daquilo a que estamos habituados. Aqui, o que é juntarmo-nos para comer um 'asado', chamam-lhe Caruf, que é como um borrego. Toda a gente no chão, a comer com as mãos. Vivem à noite, vão dormir às cinco da manhã. Eu estive no Ramadão, treinava às 23:30 e acabava à uma da manhã. Jantar às três da manhã, coisas que são normais na cultura deles e que são muito chocantes para nós. Mas foi uma boa experiência, aprendi muito, abri a minha mente ao conhecê-los também. Em termos de futebol, a intensidade não é a mesma, mas a verdade é que há bons jogadores. É um futebol que está a crescer muito, e estão a investir muito nele para que, no futuro, possam tentar estar ao nível da alta competição."