Várias atenuantes podem ajudar Paulo Fonseca: "Atendendo ao histórico dele..."
José Pereira, presidente da ANTF, aponta o passado limpo do treinador
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O gesto intimidatório de Paulo Fonseca para com o árbitro Benoit Millot, em tempo de compensações do Lyon-Brest do último domingo, pode custar-lhe uma punição severa. Segundo adiantou o jornal “L’Équipe”, o treinador pode vir a ser castigado com uma suspensão de sete meses, no pior dos cenários, em face dos regulamentos disciplinares da Liga de Futebol Profissional (LFP) francesa. Nos episódios anteriores de gestos ostensivos com árbitros, porém, também já houve castigos bem menores, como o que, por exemplo, em 2015, valeu ao treinador Michel der Zakarian, do Nantes, dois jogos de suspensão por ter agarrado num braço de um quarto árbitro e, ao mesmo tempo, o ter encarado com posse intimidatória.
Esta foi, aliás, a expressão utilizada pelo árbitro Benoit Millot para descrever a atitude de Fonseca no domingo. “Ele avançou para mim com uma atitude intimidatória e decidi expulsá-lo imediatamente. Não foi uma segunda advertência, mas uma exclusão direta”, afirmou Millot em declarações ao “L’Équipe”.
Ouvido por O JOGO a propósito deste episódio, José Pereira, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), acredita que há uma série de atenuantes favoráveis a Paulo Fonseca.
“Nada justifica a ação do Paulo Fonseca, temos que reconhecer isso. Mas temos que reconhecer também que o passado dele mostra-nos que é uma pessoa educada e respeitadora. Uma pessoa que anda no futebol há muitos anos e que não tem tido caso absolutamente nenhum deste género”, afirma José Pereira, a propósito de um treinador que, na carreira de jogador, apenas sofreu três expulsões, duas delas por acumulação de cartões amarelos.
“Estas situações têm que ser registadas e punidas, mas atendendo ao histórico do Paulo Fonseca, as entidades deverão atribuir o menor castigo possível para estes casos”, acrescenta, considerando ainda que a guerra na Ucrânia tem contribuído para a desestabilização emocional do treinador. “Temos que ter em consideração que ele vem de uns anos difíceis. Saiu da Ucrânia, um país que foi obrigado a abandonar. Constituiu família com uma mulher ucraniana, depois teve problemas para regressar a Portugal. Há algumas atenuantes que naturalmente devem ser levadas em consideração. O Paulo merece o respeito de toda a gente por tudo o que tem feito no futebol e a ação não pode passar despercebida, mas na minha opinião teria que ser punida com a menor sanção possível prevista parta este tipo de casos”, assinalou o dirigente.