Avançado francês foi condenado em 2021 a uma pena suspensa de um ano de prisão e pagamento de uma multa de 75 mil euros por cumplicidade e tentativa de chantagem ao colega de seleção, num caso que remonta a 2015 e envolveu um vídeo de caráter sexual
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Mathieu Valbuena, que aos 40 anos joga no Athens Kallithea, da Grécia, recordou esta sexta-feira o caso judicial de que foi vítima, em 2021, e que resultou na condenação de Karim Benzema a uma pena suspensa de um ano de prisão e a uma multa de 75 mil euros, por cumplicidade e tentativa de chantagem ao ex-colega de seleção, com recurso a um vídeo de caráter sexual, em 2015.
Em entrevista ao jornal L’Équipe, o médio-ofensivo e internacional gaulês em 52 ocasiões, que foi afastado da sua seleção devido a esse caso, admitiu que essa foi a altura mais dura da sua carreira, revelando ainda que decidiu sair de França, rumando aos turcos do Fenerbahçe e depois aos gregos do Olympiacos e aos cipriotas do Apollon Limassol, para escapar a esse foco mediático.
“Precisava que me esquecessem um bocado. Em França tornei-me num alvo, assobiavam-me em todos os estádios. Sair deu-me uma nova vida. No estrangeiro as tuas histórias extradesportivas não importam. Fiz algo estúpido, mas uma carreira, como uma vida, não é um rio longo e tranquilo. A minha é o exemplo perfeito, mas ensinou-me muito. Os golpes permitem que avances, constroem-te uma mente de ferro”, salientou.
“[O afastamento da seleção] Foi o pior momento da minha carreira. Para mim, a seleção francesa representava tudo. Estive triste durante muito tempo, mas hoje já não guardo rancores a ninguém. Estou em paz, conheci Didier [Deschamps, selecionador francês] há pouco tempo e falámos de futebol, de muitas coisas. Ele ficou muito alegre por me ver”, contou, assumindo que, a dada altura da sua vida, tinha uma personalidade “um pouco arrogante”: “Era cheio de mim mesmo. No futebol há que ser sério de vez em quando, vivemos num mundo de leões e em balneários com grandes personalidades. Em algum momento, tens de ter um grande caráter, mesmo que não sejas assim, tens de te converter nisso”.
A concluir, Valbuena admitiu que não está a pensar em retirar-se tão cedo, já que ainda sente “adrenalina prévia aos jogos” e reforçou a convicção de que, em França, a sua fama mediática nem sempre o ajudou dentro de campo, pelo contrário.
“Em França, quando tens uma etiqueta, é difícil tirá-la. Houve falta de objetividade comigo. A minha carreira podia ter-se valorizado como a de Giroud ou Ribéry, que também vêm do mundo amador. No estrangeiro, respeitamos tudo isso um pouco mais”, apontou.