Byron Moreno, antigo árbitro do Equador, disse que não tem de pedir desculpa aos italianos pelos erros que ditaram a eliminação perante a Coreia do Sul. Atribuiu o afastamento da azzurra ao seu técnico e não a decisões de arbitragem
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Byron Moreno, antigo árbitro do Equador, deu uma entrevista ao "Fútbol sin cassette" na qual abordou sem preconceitos a sua polémica arbitragem no Coreia do Sul-Itália dos oitavos de final do Mundial de 2002, na Coreia e no Japão (venceram os da casa por 2-1 com um golo de morte súbita). Considerando não ter de pedir desculpa aos italianos pela arbitragem que foi desastrosa e a favorecer os asiáticos, tentou dar a volta ao texto revelando não por a mão no fogo pelos seus fiscais de linha (o argentino Jorge Rattalino e o marroquino Mohammed Guezzaz) e culpabilizando a estratégia "cobarde" de contenção de Trapattoni pela eliminação dos europeus.
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"Posso ter tomado algumas decisões erradas, mas não tenho nada que pedir desculpa. Se me tivesse que avaliar, dava-me um oito naquele jogo. Culpam-me pela derrota, mas o Trappattoni foi um cobarde, como sempre... Tem o Totti expulso, precisa de ganhar e só tem o Del Piero para ter posse de bola no meio-campo [o ponta de lança era Vieri] e tira-o. Tinha o Gattuso que era bronco a disputar a bola", atirou, em declarações amplamente difundidas hoje em Itália.
Byron Moreno, que acabou a carreira com suspensões, processos em tribunal e até penas por tráfico de droga, ao rever os lances polémicos do jogo durante a entrevista, reconheceu que "podia ter expulsado" dois sul-coreanos, mas também que podia "ter mostrado logo o vermelho a Totti" quando lhe mostrou o primeiro amarelo. "O pior inimigo de um árbitro é a televisão. Pontapé na cabeça a Maldini? Não consegui ver com jogadores à frente, o coreano tentou chutar a bola, mas sim, podia ser vermelho. Falta dura sobre Zambrotta? Sim, era vermelho. Cotovelada a Totti? Não vi... Golo anulado à Itália? Não podia ver, foi o assistente que me deu a indicação, era impossível ver da minha posição. Não ponho a mão no fogo pelos meus assistentes, nunca percebi porque eram aqueles e não os meus habituais assistentes, foi a FIFA a decidir", comentou Byron Moreno.
"Quando fui a Itália pedi para reunir com Totti e Trapattoni e recusaram", disse sobre o técnico e capitão daquela Itália, que depois da eliminação sugeriram a viva voz que tinham sido alvo de uma conspiração. "Isso é passado, como disse Totti. Tinham o presidente da federação detido, clubes a descer por corrupção e manipulação de resultados, jogadores a serem castigados... É o burro a falar de orelhas", concluiu, lembrando os casos polémicos do futebol italiano como quem diz, utilizando a expressão portuguesa, "diz o roto ao nu".
Depois de eliminar a Itália, a Coreia do Sul eliminou a Espanha e também com muita polémica, com erros graves de arbitragem novamente a beneficiarem os asiáticos. A Coreia do Sul terminou a prova em quarto lugar, perdendo o jogo de atribuição do terceiro lugar com a Turquia.