O antigo guarda-redes Mário Felgueiras regressou à Roménia para tentar ajudar em grande conquista da CS Universidade Craiova. Clube é líder do campeonato e o português o seu diretor-desportivo
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Com o CS Universidade Craiova na liderança da liga romena, procurando honrar a herança de um clube histórico, Mário Felgueiras exibe-se um diretor-desportivo orgulhoso do seu trajeto e de um regresso ao país, após carreira produtiva como guarda-redes no Brasov e no Cluj. Aos 38 anos, valoriza a experiência adquirida em diferentes papéis, não escondendo o conforto presente. "Vivo uma situação boa, está tudo a correr bem. Cheguei em dezembro de 2025 com contrato de dois anos e meio para ajudar na reorganização do clube no que toca a todos os departamentos ligados ao futebol", contextualiza Felgueiras, agradado com o que o rodeia nesta fase.
"Tenho uma ligação forte ao país, diz-me muito pelos quatro anos passados como jogador. Realizei-me aqui, fiz várias relações e já retirado, como agente, fui intermediário na vinda de portugueses para a Roménia. Sempre tive bom trato com patrões e diretores, e uma das amizades foi com o dono deste Craiova. Tive oportunidade de jogar aqui, mas nunca se deu um acordo. Mas tinha de ser e aconteceu", reconhece Mário Felgueiras, nas suas sete quintas, como se "estivesse em casa". "Falo romeno, entendo tudo, esta mudança foi fácil", avisa, explicando a satisfação pelas atuais funções. "Depois da retirada foi algo que sempre considerei. Ambicionava o dirigismo e acabei por fazer um percurso em que trabalhei como agente e também fui treinador de guarda-redes. Fiz ainda uma pós-graduação na LPFP em gestão e organização do futebol. Passei por vários momentos e aprendi bastante", afirma o antigo guarda-redes.
O terreno vai sendo favorável, o solo pisado não denuncia brechas. "Por tudo isso consegui chegar aqui e, com algumas nuances, implementar as minhas ideias. Gostava também de transportar o que sei para Portugal, porque tenho casa em Braga", observa, acalmando expectativas. "Também acho que não seria o passo certo para o imediato, porque estou num clube muito grande na Roménia, com condições fantásticas. O patrão respeita toda a gente, paga ao dia e estamos a lutar por títulos. É aliciante estar cá, estou de corpo e alma. Para mais um ano e meio e, até, aberto a estender o contrato", defende.
Impulsionado por boas vibrações, Mário Felgueiras reconhece o domínio de uma ambição crescente, sussurrada entre todos. "Há esse desejo de sermos campeões, vem da Direção e do Conselho Administrativo. É um clube peculiar com massa adepta muito exigente, que tenta voltar a ser campeão, algo que não acontece há mais de 30 anos. Temos tido o estádio cheio, entre 15 a 20 mil pessoas. Todos os anos se fala do título e percebemos que a cidade vai parar quando acontecer", sustenta. Em Craiova, o CS e o FC esgrimem argumentos e disputas jurídicas quanto a serem legítimos herdeiros do tradicional Universidade Craiova, campeão quatro vezes, última das quais em 1990/91. "Tem havido aqui um grande trabalho, do patrão, dos acionistas e da equipa técnica. A presença na Liga Conferência foi algo histórico conquistado já este ano e a liderança também diz que estamos no bom caminho, pese embora uma prova muito longa, onde os pontos passam para metade na fase final. Conscientes que temos de seguir fortes", alerta Mário Felgueiras, lamentando um dos últimos resultados: "Tivemos azar no último jogo com o Dínamo de Bucareste, que terminou com um empate. Fomos penalizados perto do fim e quando já estávamos com dez jogadores."
"Buscar o que se faz em Portugal"
Revisitando toda a sua experiência na Roménia, o diretor-desportivo sente-se amparado e com maturidade para todas as situações. "O que vivi como jogador fez-me voltar e conseguir antecipar problemas. Sei lidar com eles, porque conheço mentalidades e entendo certos aspetos culturais, de como respondem aqui a certas adversidades", regista."O clube é incrível, somos respeitados e apreciados, num contexto diferente do que marcou o fim da relação com o Cluj, onde existiram várias situações negativas, confusões e questões financeiras. Aqui as condições são as melhores. Estamos a colher frutos do que foi semeado", sublinha, esperando só ajustes de teor mais organizativo. "Há muita coisa que poderia melhorar. Bastaria trazer um pouco do que se faz em Portugal, sem beliscar a cultura, certos contextos e situações mais complicadas de alguns clubes", afirma, justificando o raciocínio. "A Roménia sempre deu jogadores tecnicamente evoluídos, teria muito a ganhar se as condições internas fossem mais parecidas às nossas, o jogador local ganharia outra qualidade. Vejo predisposição para isso e há vários estádios novos. Falando pelo meu clube estamos servidos do melhor", conclui.