ENTREVISTA, PARTE II - Marcel Keizer recusou chamar o central para fazer a pré-época e a senda de empréstimos acabou em saída... sem mágoas. O defensor encara a saída do clube do coração com "naturalidade" e até fala em momento ideal de saída quando confrontado com os empréstimos sucessivos a Belenenses, Chaves e Deportivo
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Os problemas defensivos do atual Sporting são claros, mas o central formado na Academia, pese o sonho adiado de se estrear pela equipa do coração, admite que se via em condições de ser opção válida no elenco desta temporada.
Desde cedo que o defesa percebeu que não contava para marcel Keizer
O Domingos Duarte, hoje em dia, seria titular no Sporting?
-[risos] É uma pergunta complicada! Se seria titular ou não? Acho que tinha capacidade para isso. Sendo jogador de futebol, se não confiar na minha qualidade não fazia sentido dizer que não tinha capacidade para isso. Dependia sempre do treinador. Confio em mim e nas minhas capacidades, agora se jogava... claro que a sorte influencia 5% do futebol, mas nos outros 95%, ou dás ao pedal ou então esquece! Não há milagres!
Tem 24 anos e esteve cedido por empréstimo do Sporting, nas últimas três temporadas, ao Belenenses, ao Chaves e, por último, ao Deportivo da Corunha. Sente que devia ter terminado o vínculo mais cedo?
-Acho que o momento foi o ideal para sair. Não contavam comigo, e já estava na altura de sair. Claro que um dia ainda espero estrear-me na equipa principal do Sporting, o clube do meu coração, como toda a gente sabe. Sempre o disse e não escondo que gostaria um dia de me estrear, de estar presente. Ouvir o "Mundo sabe que..." em Alvalade era muito bom para um miúdo que sempre foi sócio do clube desde que nasceu.
O sonho de se estrear de leão ao peito em Alvalade permanece bem firme na mente
Guarda alguma mágoa por não ter entrado nas contas para a pré-temporada? Por não ter sido observado pelo técnico de então, Marcel Keizer?
-Não, em termos de mágoa... isso não serve de nada. No futebol, é assim: uns entram, outros saem. Há que encarar as coisas com naturalidade. Fui para o Granada, estou a mostrar o meu nível a toda a gente, agora é continuar a fazer isso. Claro que gostaria de me estrear, mas mais tarde ou mais cedo vai acontecer.
Como está a ver este momento do Sporting, em Granada?
-As coisas não estão a correr bem, mas, como em tudo, não há que pensar de forma negativa. É procurar forças onde ninguém pensa que existem e tentar dar a volta à situação o mais rápido possível. Mando-lhes a minha força para que tudo possa correr bem, e que deem a volta à situação.
"Silas tem tudo para ser um treinador de top. É uma boa opção"
Agora, o que esperar do Sporting com Silas?
-Estive perto de ser treinado por ele antes de ir para o Deportivo: falei duas vezes com ele para ir para o Belenenses. Pareceu-me uma pessoa muito sensata, com as ideias no sítio e que gosta do futebol atrativo. Tem tudo para ser um treinador de top. Pelo que apresentou no Belenenses, é uma boa opção.
"Se a equipa fosse só Bruno Fernandes, perdia por uns 15-0"
O Sporting atual, na gíria do adepto, é Bruno Fernandes e mais dez. A provocação sobre um dos amigos e elos de ligação com o emblema do coração não desvia Domingos Duarte do essencial.
"[risos] É uma das pessoas com as quais mantenho contacto no clube. O Bruno Fernandes é muito, muito bom jogador, mas não é ele e mais dez. Se jogasse só ele, o Sporting levava 15-0 em todos os jogos. É um jogador que acrescenta muito ao Sporting", anotou.
"Coates precisa de ter mais confiança"
Coates tem sido o azarado do mês em Alvalade, e Domingos Duarte faz a defesa do colega de posto.
Como se explica o que se está a passar com Coates, com três penáltis cometidos e dois autogolos nos últimos três jogos que fez?
-O futebol é feito de momentos, no ano passado ninguém falava disso, mas o Coates marcava golos, fazia cortes irrepreensíveis e sempre foi um dos melhores defesas-centrais da liga portuguesa. Não é por estar a atravessar uma má fase que é um dos piores jogadores do mundo! São coisas que acontecem, o futebol é mesmo assim. Há que ter paciência, claro que não é fácil uma equipa grande ver um central a fazer isso, mas é preciso apoiar e dar confiança para ele dar a volta a essa situação.
O momento que o Coates viveu nos dois autogolos, tendo o avançado nas costas e a bola cruzada de um dos lados, é um dos mais complexos para um central?
-É, é sempre complicado. Estamos em movimento e tentamos, normalmente em esforço, intercetar o cruzamento, e muitas vezes colocamos a bola na nossa baliza. É uma sensação de frustração. Queremos ajudar e acabamos por prejudicar. Mas se consegues tirar a bola, evitas um golo!
"Há que potenciar os atletas jovens"
Domingos Duarte lembra que essa sempre foi uma mais-valia que o clube teve.
O regresso da aposta leonina na formação merece aplausos de Domingos Duarte, que dá o exemplo de sucesso do rival Benfica.
Tendo grande parte da sua formação sido feita na Academia, como vê a tentativa do Sporting de voltar a apostar na formação?
-Sempre foi uma das coisas que o Sporting teve de bom, a sua aposta constante na formação. Antes não se dava tanta importância, agora já se está a voltar a dar com o presidente Frederico Varandas. É uma aposta dele. Acho muito bem, há que potenciar os jovens.
A aposta do rival Benfica na formação está a forçar o Sporting a reencontrar-se com esse desígnio?
-Não sei, sinceramente. Se é por isso, se no Benfica está a dar resultados, porque não no Sporting? É que agora há muita malta nova com qualidade e capacidade para se meter entre os melhores.
Como tem visto o futebol português à distância?
-Gosto muito de ver, faz falta ouvir a nossa língua. É bom ver como as coisas estão a evoluir, cada vez mais jovens a evoluir na liga portuguesa, estamos a ir no bom caminho. Cada vez são mais os treinadores que apostam nos jovens. É o caminho certo para o futebol português crescer.
PARA VER A PRIMEIRA PARTE DA ENTREVISTA:
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