Thierry Correia sobre a tragédia em Valência: "É impressionante ver a entreajuda das pessoas"
Defesa português do Valência mostra-se impressionado pela corrente de solidariedade que tem sentido numa cidade que teve uma área devastada pelas cheias. Gravemente lesionado no passado domingo, o lateral-esquerdo, mesmo de muletas, fez questão de dar a sua contribuição pessoal na ajuda aos mais prejudicados.
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A força das águas ceifou a vida a mais de 200 pessoas na região de Valência, mas, ao mesmo tempo, deixou a nu alguns dos melhores valores humanos, como a solidariedade e o companheirismo. Em declarações a O JOGO, Thierry Correia, jogador do principal clube da cidade, conta o que tem vivido por estes dias.
Como tem acompanhado esta calamidade que está a afetar a região de Valência?
-Eu não estou propriamente perto da zona mais afetada, mas tem sido complicado. Um colega que mora nessa área, por exemplo, mostrou-me imagens da casa dele completamente cercada de água e de lama. Mas na zona onde vivo, que é perto do centro de treinos do Valência, a princípio nem nos demos conta de que tinha acontecido um desastre destes.
Mas apesar de estar longe, é certamente impossível passar ao lado da tragédia...
-É um drama, claro, mas, por outro lado, apesar de todo este drama, torna-se bem presente que a cidade está a viver um momento de forte solidariedade. Toda a gente está a tentar ajudar ao máximo as pessoas que foram mais prejudicadas.
Nota um grande espírito de entreajuda entre todos?
-Sem dúvida. É impressionante sentir a entreajuda das pessoas. Ainda ontem, uma senhora que trabalha no clube me estava a dizer que é impressionante ver tantos jovens a quererem ajudar os que foram mais prejudicados. Isso enche-nos de orgulho e de esperança no futuro da sociedade. Dá para ver que as pessoas, quando querem, conseguem ajudar-se umas às outras.
O Thierry fez alguma coisa para ajudar as vítimas?
-Eu até estou de muletas, por causa de uma lesão, mas ainda ontem recolhi roupas e fui comprar alimentos para deixar no banco de ajuda que se encontra à frente do nosso estádio. Foi dessa forma que tentei ajudar as pessoas mais afetadas pela catástrofe.
Como estão agora as ruas da cidade? Já estão mais desobstruídas?
-Se andarmos no centro de Valência não há efeitos muito visíveis do que aconteceu, uma vez que nessas zonas acabou por não acontecer nada de especial. A zona que foi devastada pelo rio fica um pouco afastada do centro e, sem dúvida, fica difícil chegar a essas zonas que foram mais afetadas.
“Apoiei mal o pé e o joelho foi para dentro”
Foi no passado dia 27, na deslocação do Valência a casa do Getafe, que Thierry Correia contraiu uma lesão que o vai deixar sem competir durante um largo período de tempo. As roturas de ligamentos cruzados implicam paragens nunca inferiores a seis meses, pelo que, muito provavelmente, o defesa já não conseguirá recuperar a forma ideal a tempo de ainda competir esta época.
Como está a correr a recuperação da lesão que sofreu no jogo contra o Getafe?
-Em princípio vou ser operado na segunda-feira, como está previsto, mas depois tenho uma recuperação longa pela frente.
Já lhe disseram ao certo o período de tempo que pode demorar a recuperar totalmente da lesão?
-Neste momento não sei ainda. Isso é uma questão a ser tratada com os médicos que me vão acompanhar.
Como foi a jogada em que se magoou?
-Foi ao minuto 50 do jogo do Valência com o Getafe. Apoiei mal o pé e senti que o joelho foi para dentro. É uma rotura de ligamentos e, como tal, vai demorar uns meses a recuperar.
Como se encontra o seu estado de espírito face a esta grave contrariedade?
-É uma situação triste. Sentia-me bem, sentia que estava a ajudar a equipa, apesar de não estarmos a passar um bom momento. Mas há coisas que não conseguimos controlar e tenho que estar mentalmente preparado para o que aí vem, porque vão ser vários meses longe do que mais gosto de fazer. Tenho que me manter bem fora de campo, que é para conseguir voltar mais forte.