"Tenho 14 placas de metal no crânio e 28 parafusos que as mantêm no lugar"
Ex-jogador do Hull City revela detalhes da lesão que levou ao fim da carreira aos 27 anos.
Corpo do artigo
Foi a 22 de fevereiro de 2017 que Ryan Mason assustou o mundo do futebol ao cair inanimado durante o jogo entre Hull City - nessa altura orientado pelo português Marco Silva - e Chelsea após um choque de cabeças violento com Gary Cahill. O então médio do Hull fraturou o crânio e esteve às portas da morte, mas conseguiu recuperar. No entanto, a lesão obrigou-o a pendurar as chuteiras aos 27 anos.
Em entrevista à revista FourFourTwo, Ryan Mason recordou aquela noite em Stamford Bridge. "Entrámos bem no jogo. Eu estava a marcar o N'Golo Kanté, estava a ser uma boa batalha, limpa. Então aos 13 minutos aconteceu. Houve um canto. A bola veio, saltei e subitamente senti uma força incrível a esmagar-me a cabeça. Foi uma dor impossível de imaginar", contou.
"As pessoas pensam que eu não me lembro, mas recordo-me de tudo. Lembro-me do médico vir a correr, da dor imensa, de me fazerem aquelas verificações da praxe após uma lesão na cabeça... O corpo passa por um estado de pânico e por uma fase de autopreservação quando sofremos um ferimento grave, ele sabe que algo de errado se passa. A dor era insuportável, era como se tivesse uma bomba a explodir na cabeça, na têmpora direita", afirmou Mason.
O ex-jogador deixa também palavras de apreço ao médico da equipa, cuja decisão "provavelmente" salvou a vida de Ryan Mason. "Aquela decisão provavelmente salvou a minha vida. Ele percebeu que eu tinha fraturado o crânio e que podia ter lesões cerebrais porque o lado direito da minha cara estava caído e paralisado. O motorista da ambulância queria levar-me para o hospital mais próximo, mas o Dr. Mark Waller recusou, insistiu que me levassem para o St Mary's. Passámos por dois hospitais antes de lá chegarmos. Se estivesse noutro lugar as coisas podiam ter terminado de forma diferente. 61 minutos depois da lesão eu estava a ser operado", recordou.
As dores são também uma memória bem viva de Ryan Mason. "Tiveram de me mudar para um quarto particular porque eu não tolerava qualquer barulho, por mínimo que fosse. Até as enfermeiras a sussurrar parecia-me que estavam a gritar dentro da minha cabeça. Eu dormia entre 20 a 22 horas por dia, acordavam-me para fazer uns testes e medir a tensão arterial, mas a maior parte do tempo tinha de dormir... Eu sabia que tinha agrafos e placas de metal na minha cabeça, mas só seis meses depois os médicos vieram ter comigo e explicaram exatamente o que tinham feito. Se me tivessem dito na altura não sei se teria aguentado. Ao todo tenho 14 placas de metal no crânio e 28 parafusos que as mantêm no lugar. Foram usados 45 agrafos para fechar a ferida ao longo da minha cabeça. Quando tiraram os agrafos não foi propriamente agradável...", referiu.
O final prematuro da carreira foi, então, o único cenário viável. "Disseram-me que se voltasse a cabecear uma bola durante um ano ou mesmo seis meses, havia sérios riscos de vir a sofrer de demência ou epilepsia antes dos 29", rematou.