Declarações de Stephen Eustáquio, médio luso-canadiano do FC Porto, em longa entrevista concedida à Sport TV
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Seleção do Canadá. Faz história por ter estado num Mundial 36 anos depois. Esse momento é aquele em que percebe que valeu a pena investir no Canadá e não na seleção portuguesa? "Quando fiz o percurso na qualificação da CONCACAF senti que tinha tomado a melhor decisão. No final de contas, o futebol também são as amizades que ficam e eu fiz muitas lá. Não me arrependo nada e, quando carimbámos a qualificação... Talvez muita gente não tenha percebido a minha decisão na altura, mas quando estudei a fundo os jogadores que tinha, senti que havia essa possibilidade de estarmos no Catar com o Canadá e a verdade é que conseguimos. Só quem esteve no Mundial pode saber o que é estar numa competição tão grande, para mim a maior. Sinto que quando carimbámos a qualificação e quando estive no Catar, senti que estava no sítio certo."
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Quando opta por não esperar por Portugal e assume o Canadá, tem a ver com o olhar para Portugal e perceber que a porta é mais estreita? "Sem dúvida. Tenho que dizer isso. Quando digo "temos" é porque sou português, também. Para mim, temos uma das melhores seleções do mundo, se não a melhor em termos de qualidade por posição. Mesmo os que ficam de fora são muito bons. Tomei a decisão de representar o Canadá logo depois dos sub-21, tive a atenção de conversar com o míster Rui Jorge por telefone, achei que ele merecia ter essa justificação. Desde o momento em que fiz isso, senti que estava a tomar a decisão correta."
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Não ir à Gold Cup foi uma decisão que partiu de si ou da federação? Quis ter este tempo para preparar o arranque de época com o FC Porto? "Sim, foram as duas coisas. Quando o míster John Herdman falou comigo, perguntou-me se eu queria comprometer-me com os dois torneios. Não sei se isto foi em janeiro, mas na altura estava bem, sentia-me bem e disse que sim. Mas depois, por tudo o que estava a passar a nível familiar e por perceber que maio não é janeiro, por toda a fadiga que há nessa altura, fui à Liga das Nações, onde perdemos na final e senti que, depois desse jogo, estava completamente de rastos, tanto fisicamente como emocionalmente. Tinha-me comprometido a estar em Toronto quatro dias depois, pensava que esse pequeno período ia ajudar, mas a verdade é que chegou ao segundo dia e estava a sentir-me tão mal como depois da final. Foi uma decisão que tomei, porque realmente não estava bem. Falei com algumas pessoas que me disseram que se fosse à Gold Cup podia ter prejuízes durante a época. Não numa fase inicial, mas quando começasse a Champions, quando há muita sobrecarga e o que quero é estar bem fisicamente para ajudar o FC Porto. Logicamente quero estar presente em todas as janelas da seleção, mas acaba por ser muita coisa e o jogador só consegue competir até certo ponto e é muito jogo. Por isso é que decidi falhar a Gold Cup."