Tebas: o ressurgimento "fracassado" da Superliga e o desejo por receitas "reais"
Presidente da La Liga denunciou continuadas movimentações de bastidores para levar avante o projeto elitista, que fracassara em abril último. Reformação do fair-play financeiro elogiado
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O fantasma da Superliga, ainda que com outro figurino, continua a pairar sobre a Europa. Javier Tebas, líder da La Liga, assumiu que há clubes a reformular o projeto, sob liderança de Florentino Pérez, mas prevê que também não tenha sucesso.
"O Florentino [presidente do Real Madrid] nunca perde, está sempre a tramar alguma. A Superliga é um conceito que começou há muitos anos e é mais o conceito pessoal do Florentino, não tanto o do Real Madrid. (...) Estão a trabalhar noutro projeto, que mais uma vez será um fracasso, sem as equipas inglesas, contra a UEFA, a FIFA e a Premier League", afirmou o dirigente espanhol.
Tebas reiterou, assim, à margem de um evento promocional da La liga, a oposição à Superliga, anunciada, à revelia das entidades tutelares, em abril de 2021, por um conjunto de grandes clubes europeus. Porém, o projeto foi amplamente criticado e a maioria dos vários subscritores acabaram por desistir da implementação.
Todavia, e segundo o "Financial Times", Real Madrid, Barcelona e Juventus, trio fundador da competição elitista, têm mantido reuniões para aplicar eventuais reformulações na mesma (criação de duas séries e não de uma, com sistema de subidas e descidas, e sem necessidade de admissão por convite).
Andrea Agnelli, líder da Vecchia Signora, admitira, inclusive, no início deste mês, que o "futebol europeu precisa desesperadamente de reformas e a Superliga não falhou", como que corroborando a afirmação mais recente de Tebas.
As movimentações de Real Madrid, Barcelona e Juventus parecem ir contra, porém, a posição do Parlamento Europeu, assumida, pela maioria dos votos, em 23 de novembro, contra "ameaças como uma Superliga" e a favor de competições baseadas "na solidariedade, inclusividade e mérito desportivo".
Reformação do fair-play financeiro da UEFA
Incertezas à parte, os clubes europeus poderão conhecer, em breve, uma reforma do regime de fair-play financeiro, cujo critério passará, primeiramente, pela subida da limitação dos salários a 90 por cento do total de receitas de cada clube ou sociedade desportiva envolvida em provas organizadas pelo organismo europeu.
O projeto de controlo financeiro agrada a Tebas, que pretende ver os emblemas, neste caso espanhóis, a trabalharem sem ilusionismos financeiros. "É bastante bom e queremos que seja aprovado desta forma. A sustentabilidade económica no futebol é muito importante, quase acima da competitividade. (...) Todos queremos que as receitas sejam reais", asseverou Tebas.
A tutela continental não colocará um teto salarial, sendo criado um parâmetro-chave baseado em receitas e custos com o pessoal, que será calculado com base no custo do plantel taxas de transferência, salários e outras despesas relacionadas.
Haverá um período de transição (três épocas) e que se iniciará, provavelmente já em 2022/23, com o limite nos 90 por cento, baixando 10 por cento em cada uma das épocas seguintes até aos 70 por cento. Os clubes que não violarem essas regras poderão contar com uma margem-bónus de cerca de nove milhões de euros.