UEFA e FIFA foram alertadas que não têm poder para excluir Real Madrid, Juventus e Barcelona das provas europeias durante dois anos.
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Ultrapassada a fase onde o assunto se discutiu nas ruas e em redor dos estádios, a guerra aberta entre Real Madrid, Juventus e Barcelona e a UEFA segue na barra dos tribunais, com a mais recente decisão a ser favorável aos três resistentes da Superliga Europeia. De acordo com informação avançada pela rádio espanhola "Cadena Ser", o ministério da Justiça da Suíça alertou a UEFA que não terá poder para aplicar sanções aos fundadores da prova que ameaçou abalar a estrutura do futebol mundial. A FIFA que, tal como a UEFA, está sob jurisdição helvética, também recebeu uma carta com um travão explícito à imposição de uma proibição aos jogadores desses três clubes de representarem as respetivas seleções.
Segundo a mesma fonte, o magistrado suíço responsável pelo acórdão divulgado ontem amparou-se na jurisprudência do Tribunal Mercantil 17 de Madrid que, num auto assinado pelo juiz Manuel Ruiz de Lara no passado dia 20 de abril, já tinha colocado em xeque a intenção da UEFA em punir Real Madrid, Barcelona e Juventus com dois anos de suspensão das competições europeias. Neste lê-se que a posição da UEFA e da FIFA pode ser interpretada como um gesto "monopolista" que vai contra as regras da concorrência. "Se a FIFA e a UEFA, como entidades que atribuem a si mesmas a competência exclusiva para organizar e autorizar competições de futebol, proibiram ou mostraram-se contra a realização da Superliga isso poderia ser interpretado como uma oposição à criação de produtos alternativos e uma restrição à inovação. Desta forma estaria eliminada a concorrência e a limitar-se a escolha do consumidor, algo previsto no artigo 101 do Tratado de Funcionamento da União Europeia."
Recorde-se que, no passado dia 25 de maio, a UEFA abriu um expediente disciplinar contra Real Madrid, Juventus e Barcelona por não terem recuado na intenção de organizar a Superliga à imagem do que fizeram os restantes nove fundadores: Manchester United, Manchester City, Liverpool, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Atlético de Madrid, Inter e AC Milan. O organismo que rege o futebol europeu entende que recolheu indícios suficientes contra o trio numa investigação levada a cabo logo após o anúncio da nova competição, mas a decisão final do Comité de Controlo, Ética e Disciplina da UEFA, que será comunicada em breve, poderá ficar condicionada pelas recentes vitórias de Florentino Pérez, Joan Laporta e Andrea Agnelli nos tribunais. Mais um dos capítulos de uma disputa que se vai prolongando no tempo.