Tony da Silva pegou no Poli Iasi em situação dramática no play-off de luta pela permanência, mas na reta final, sob intensa pressão, conseguiu salvar-se com dois triunfos
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Quando o treinador Tony da Silva chegou ao Poli Iasi, em inícios de abril, a equipa estava em lugares de descida ao segundo escalão do futebol romeno. Sete jogos depois, após sensacional recuperação, a permanência foi alcançada graças a dois triunfos consecutivos, um dos quais no último domingo, frente ao Petrolul (2-0), a contar para a última jornada do campeonato. Já ontem, à conversa com O JOGO, Tony era um homem “morto”, como o próprio disse, mas extremamente feliz.
Que tal lhe está a correr o dia? Sente um grande alívio?
-Estou morto. Quase nem dormi. É que o jogo foi às 21h30 e depois com o flash interview e a conferência de imprensa saímos do estádio à uma hora da manhã. Entretanto fomos todos comer a um restaurante aqui da zona e só cheguei a casa pelas quatro da manhã. Só que às 8h30 já me estavam a ligar para dar entrevistas às televisões romenas. Desde essa hora já corri para aí umas cinco televisões.
E que tal a sensação, depois de sucesso tão retumbante?
-Foi uma coisa... O que quer que eu lhe diga? Só mesmo um maluco como eu é que podia acreditar em salvar isto, porque quando nós chegámos aqui o pessoal já estava resignado, não acreditava. Mas conseguimos entrar no coração e na mente dos jogadores. O meu staff foi muito importante nisso. Mas é por estas e por outras que o treinador português tem sucesso em todo o lado. Temos valores humanos que nos diferenciam e, além do trabalho técnico-tático, porque fizemos ajustamentos em função dos jogadores, essa parte mental foi muito importante para atingirmos os nossos objetivos.
Qual foi a sua aposta em termos psicológicos? Quais as principais mensagens que passou aos jogadores?
-Foi de acreditar. Para irem para dentro do campo e desfrutarem do jogo, para jogarem com um sorriso na cara. E tudo o que fosse pressão ou algo mais negativo, que deixassem para mim, porque eu já estou habituado a lidar com pressão. Assim fizemos. Os rapazes foram-se libertando aos poucos e correu tudo bem. Isto quando toda a gente já nos dava como mortos, porque a equipa já não ganhava fora de casa há nove meses. Eu cheguei há um mês e conseguimos a primeira vitória for a na semana passada. Também nunca tínhamos tido duas vitórias consecutivas e conseguimo-las agora. Com estádio cheio, foi muito bom em todos os aspetos.
Sentiu uma pressão grande, por ter obrigatoriamente que vencer os últimos jogos?
-Não senti. Quando uma pessoa faz aquilo que gosta, quando é apaixonado, é educado e é sério, mais tarde ou mais cedo o sucesso aparece. E eu estou muito confiante no meu trabalho, nas minhas competências, nos valores humanos que eu transporto. Por isso, num jogo meu não sinto pressão, de tão focado que estou na preparação do jogo. Tento transmitir sempre tranquilidade e confiança aos jogadores e isso era uma mudança radical que este trabalho precisava. E foi conseguido.
“Demos vida a este balneário”
Na internet já circula o vídeo de Tony da Silva a ser levantado ao ar pelos jogadores, após uma palestra no fim do último jogo.
O que disse aos jogadores naquela palestra?
-O que lhes disse foi que me sentia muito orgulhoso de ter um grupo de trabalho assim, porque quando cheguei encontrei um balneário triste e nós conseguimos dar vida a este balneário. Disse-lhes para que agora desfrutem ao lado das famílias, de quem esteve sempre ao lado deles, porque no mundo do futebol vivemos sempre da crítica e temos que saber lidar com ela. E, principalmente, disse que senti um orgulho imenso naquilo que eles fizeram neste mês e meio de trabalho que tive com eles. Foi duro, mas foi bom.
Reunião amanhã com clubes do Médio Oriente ao barulho
O contrato assinado com o Poli Iasi só é válido até ao fim da época, mas em cima da mesa está a hipótese de uma prolongação do vínculo para a próxima época. Aliás, já amanhã Tony tem uma reunião com os principais dirigentes do clube romeno para ouvir a proposta que estes têm para lhe fazer. “Vamos reunir para ver se temos as mesmas ambições e se vamos todos para o mesmo caminho. Se assim for, vamos ver”, admite Tony, isto apesar de o seu staff pessoal já ter recebido sondagens por parte de clubes do Médio Oriente.