Treinador do Milan participou no 2º Congresso de Futebol de Coimbra e teve a companhia na mesa, a seu pedido, dos colegas João Pereira, técnico do Casa Pia, e Armando Evangelista
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Cerca de 250 pessoas, maioritariamente estudantes e treinadores, ouviram atentamente Sérgio Conceição, no auditório Rui de Alarcão, em Coimbra, falar sobre a construção de identidade de jogo.
Bem disposto e comunicativo, o treinador do Milan convidou os colegas João Pereira, do Casa Pia, e Armando Evangelista, atualmente sem clube, para fazerem parte do painel moderado por Pedro Henriques, da Neyod Sports, que, juntamente com a AB Forms e AAC-SF, organizou o 2º Congresso de Futebol de Coimbra.
Ter sucesso
“Para se ter sucesso é preciso ganhar. É fundamental ter resultados. Uma equipa não tem sucesso sem identidade, sem uma visão clara do que quer, do percurso que quer seguir. Porque se eu tenho centrais que têm os pés, como se diz na gíria, que são tijolos, não vou querer que eles saiam a jogar de trás, porque é muito moderno sair a jogar de trás. Eu também gosto se tiver centrais que têm essa capacidade e essa facilidade de sair a jogar e iniciar a construção de jogo a partir do guarda-redes. E eu tive no FC Porto um guarda-redes fantástico nesse sentido e tenho agora no Milan também. É preciso saber ter um conhecimento profundo dos jogadores, do que podem dar e daquilo que podemos extrair deles. Depois, há um terceiro ponto, que é fundamental: o que é que estamos aqui a fazer? É comunicar, é comunicar e partilhar. Comunicar entre eles no balneário, comunicar entre eles no campo e haver uma comunicação forte. Acho que é um terceiro ponto fundamental para se ter sucesso. Um quarto é essa aprendizagem contínua que temos de ter. Desde o tratador da relva e todos os dias nós aprendemos como, porque eu sou muito rigoroso nisso também, naquilo que é a altura da relva, se é diferente de onde jogamos ou não, até porque o exercício já diferente. Essa aprendizagem contínua que nós temos com os nossos atletas, que eles trabalham diariamente connosco, é fundamental. E o quinto ponto é irmos ao detalhe em tudo. Porque hoje em dia uma bola parada é decisiva no jogo, uma palavra com um atleta num momento certo é decisiva, se calhar no jogo também, porque fez a diferença. Olhamos para os detalhes daquilo que é o peso dos atletas, a sua condição física, daquilo que fazem não só na hora e meia que estão connosco, mas no chamado treino invisível. E, depois, quando falta a paixão naquilo que fazemos falta praticamente tudo. Gosto de intensidade, de paixão e através dessa paixão vamos buscar coisas que talvez nós não imaginamos que podemos ir buscar.”