Sérgio Conceição: "Precisamos de um frigorífico vazio para termos mais fome"
Declarações de Sérgio Conceição após o Juventus-Milan (2-0), jogo da 21.ª jornada da Serie A
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Derrota: “Na primeira parte, foi um jogo equilibrado, em que tivemos mais chances. Depois na segunda a Juventus teve um maior desejo de vencer, mais fome. Podíamos ter sofrido outro golo no início da segunda parte porque queremos sair a jogar na área com a pressão do adversário. Isto são coisas que não entendo, mas sou o responsável enquanto treinador. O primeiro passo para ganhar é querer ganhar”.
O Milan não quis ganhar? “Foi isso que disse. Mas qual cansaço, qual combustível, vá lá... Os jogadores têm tudo o que precisam para recuperarem dos jogos anteriores. Precisamos de ter um frigorífico vazio em casa para termos mais fome”.
Fica preocupado por a equipa não estar a conseguir colocar um “extra” em campo? “É exatamente isso. Eu já tive equipas pequenas, quando comecei a treinar há 13 anos, tive equipas que não eram assim muito boas ao nível técnico, mas que tinham uma fome e desejo incrível. É assim a vida, precisamos de objetivos para crescer. Quando chegas ao Milan, é preciso querer ainda mais, porque precisamos de dar continuidade ao sucesso, fome e desejo com objetivos pessoais, para que chegues ao final da tua carreira com orgulho daquilo que fizeste. O que estou a ver não é novo, senti-o no passado, porque acompanhei praticamente todos os jogos do Milan. Sou eu quem tem de mudar a atitude e mentalidade dos jogadores. Sou o responsável, o treinador, e tenho de assumir a responsabilidade por esta derrota, porque não estive bem no intervalo e depois com esta queda de forma na segunda parte. Se falharmos um golo e o adversário for bom, tudo bem. Mas quando nos faltam outras coisas, para mim é difícil. Sou eu, enquanto treinador, que tenho de mudar esta situação”.
Na ausência de Morata e Pulisic, Theo Hernández e Rafael Leão deviam ter dado mais? “Sim, mas na minha opinião não podes depender sempre dos jogadores mais experientes. Os outros têm as suas responsabilidades, não é como se pudéssemos colocar sempre o peso nos ombros de Theo, Leão ou Mike [Maignan]. Existem outros também e não se podem esconder, é assim no futebol e na vida. Eu joguei durante 25 anos e sei como funciona. Nestes momentos difíceis, aqueles que têm mais experiência e mais maturidade emergem, mas ninguém se deve esconder. Temos de olhar uns para os outros nos olhos e ver como podemos fazer mais, primeiro eu, e como mudar esta situação. Não estamos numa situação em que somos uma equipa que, tecnicamente, não está ao nível das outras equipas grandes em Itália, ou que, fisicamente, não consegue atingir um momento importante com toda a gente no topo, ou que, em termos de organização, não consiga atingir níveis altos. Depois há outra parte, que, para mim, é a mais importante. Se não tivermos as bases, o desejo, a fome, o desejo de vencer o jogo e cada duelo como se todos fossem decisivos... é isso que nos está a faltar. E enquanto treinador assumo esta responsabilidade de mudar esta situação”.