Sérgio Conceição: "Às vezes parece que há falta de respeito com quem trabalha"
Sérgio Conceição diz que a fallta de tempo é inimiga da perfeição e que só agora vai poder treinar decentemente. Estreou-se pelo AC Milan a 3 de janeiro e fez o último jogo a 8 deste mês, num total de 18 partidas em 65 dias. Andou a jogar com um intervalo inferior a quatro dias, o que, dá a entender, teve reflexos.
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Sérgio Conceição nem quer ouvir falar dos rumores que têm circulado em Itália quanto a uma eventual saída do comando do AC Milan. Para o treinador português não passam disso mesmo, rumores, considerando-os mesmo como um insulto pessoal. “Ando a ouvir esses boatos há um mês e meio... Não posso controlar o que os outros dizem. Eu apenas controlo o que acontece nos treinos. Às vezes parece que há uma falta de respeito com aqueles que trabalham, mas eu sei que o futebol é mesmo assim”, afirmou o treinador, resignado e ao mesmo tempo farto dos que têm lançado a ideia de que, caso o AC Milan não se apure para a Liga dos Campeões da próxima época, ele será substituído.
Conceição acredita que ainda tem mãos para conduzir a máquina rossonera ao nível desejado. Tempo é apenas o que precisa e o que pede aos dirigentes do clube. “Estamos a trabalhar para atingirmos o equilíbrio e é necessário que todos os departamentos contribuam para isso. Tivemos uma reunião por vídeo há pouco, mas gosto é de trabalhar em campo. Ensaiamos a transição ataque-defesa, mas temos de trabalhar mais em como parar os adversários. Os jogadores estão a compreender o que têm de fazer. Não se pode ser perfeito de um dia para o outro, mas estamos a fazer o que podemos”, assinalou, negando que o facto de ter chegado a meio da época possa servir de desculpa para os maus resultados. “O arrependimento de ter chegado no final de dezembro não existe porque eu já conhecia o calendário da equipa e também sabia isso, que estava a chegar a meio da temporada. Estou a tentar transmitir os meus princípios de jogo. E agora é mais fácil porque tenho mais tempo para trabalhar”, disse, aludindo à paragem de seleções que se inicia esta segunda-feira.
Desde que se estreou pelo AC Milan, a 3 de janeiro (triunfo por 2-1 frente à Juventus) , até à data do último jogo, no dia 8 (vitória por 3-2 em Lecce), foram nada menos do que 18 jogos em 65 dias, ou seja, menos de quatro dias entre cada partida, em média. Os dias para treinos não têm abundado, mas agora terá pelo menos duas semanas “limpas” para ensaiar processos e mecanismos, ainda que vá perder alguns atletas para as seleções nacionais, como é o caso, por exemplo, de João Félix e Rafael Leão, chamados por Portugal.
Para já, neste fim de semana, o calendário da jornada promete ser positivo para as suas cores, isto no caso de conseguir fazer bem a sua parte, leia-se, sair vencedor na receção de hoje ao Como, atual 13.º classificado e quarta pior equipa a jogar fora de casa, com apenas dez pontos ganhos nessa condição (só Parma, Veneza e Monza fizeram pior até agora). Isto porque, das sete equipas que estão acima do Milan na tabela classificativa, seis vão jogar entre elas: Atalanta-Inter de Milão, Fiorentina-Juventus e Bolonha-Lázio. Isto significa que pelo menos três dessas formações vão perder pontos nesta jornada da Série A. O AC Milan é oitavo com 44 pontos, a oito do quarto lugar, ocupado pela Juventus, que dá direito à tão desejada Champions na próxima época.
Bom relacionamento com Rafael Leão
Rafael Leão só fez mais de 60 minutos em dez dos 18 jogos com Sérgio Conceição como treinador, mas segundo este último não há problema absolutamente nenhum entre ambos. “O Rafa é um dos melhores jogadores do campeonato italiano e também pode estar entre os melhores do mundo. É um elemento que está sempre muito disponível para jogar, quer seja desde o primeiro minuto quer do quadragésimo quinto. Ele está pronto para ajudar a equipa. Conversamos e temos um excelente relacionamento”, comentou Conceição.