Jorginho colocou o Kairat no play-off da Champions e vê o sonho da fase regular cada vez mais perto
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Ao fim das três primeiras eliminatórias de acesso à fase regular da Liga dos Campeões, só uma equipa se mantém em prova desde o início: o Kairat, campeão do Cazaquistão, que na terça-feira garantiu a presença no play-off (e, na pior das hipóteses, uma inédita qualificação para a Liga Europa) ao bater o Slovan Bratislava, na Eslováquia, no desempate por grandes penalidades. O pontapé que selou o 4-3 final foi apontado por um dos dois portugueses da equipa: Jorginho, um dos heróis da já histórica campanha.
“É normal estar um pouco nervoso e ansioso naquele momento, mas confesso que só senti essa pressão quando estava no meio-campo com os meus colegas. A partir do momento em que comecei a andar para a bola, estava completamente confiante que ia marcar e íamos passar, não tinha dúvidas disso. Penáltis, na minha opinião, são uma questão psicológica, está tudo na cabeça”, conta o avançado luso a O JOGO.
A colocação como quinto marcador do Kairat foi decidida pelo técnico responsável pelas bolas paradas, assume Jorginho – que não é um dos marcadores de penáltis oficiais da equipa. “Todos assumimos a responsabilidade, nenhum pôs os pés para dentro, digamos assim. Treino todos os dias penáltis, tento estar preparado para, quando tiver de marcar nos jogos, não fazer ao calhas ou esperar que a sorte decida por mim. Uma das razões por que escolhi aquele lado foi porque ultimamente, nos treinos, tem saído melhor para ali”, confessa.
No caminho do Kairat surge agora um adversário de maior peso: o histórico Celtic. As análises estatísticas, ao início completamente desfavoráveis aos cazaques, são agora mais lisonjeiras, e Jorginho percebe o porquê. “Começámos com probabilidades de apuramento de seis, sete, no máximo 13 por cento, e agora já nos dão quase 50. Claro que o Celtic já é vinho de outra pipa, como se costuma dizer, mas o futebol é onze contra onze e tudo pode acontecer. Agora é desfrutar do momento, continuarmos iguais, humildes, com os pés bem assentes na terra, e dar a vida e sonhar! O limite é o céu, lá dentro somos todos iguais”, sentencia o avançado de 27 anos, autor de nove golos e cinco assistências em 2025.
Profissionalismo era uma utopia
Há três anos, Jorginho quase abandonara as esperanças de viver exclusivamente do futebol, enquanto jogava no Pevidém. “Trabalhava no controlo de qualidade para peças automóveis na D8 Solutions, tinha de ver se o material estava em conformidade para seguir para os clientes. Fazia das seis da manhã às 14h30 e depois treinava às 18h00”, recorda. “É fácil dizer que sempre acreditei, mas se nessa altura dissessem que hoje ia estar a uma eliminatória de jogar a Champions, dizia-lhe: ‘És mesmo um visionário, vês muito à frente (risos)!’”