Selecionador da Palestina: "Tememos verificar os telemóveis no balneário"
Ihab Abu Jazar relata como é treinar uma seleção sem casa, de um país em guerra
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O selecionador da Palestina, Ihab Abu Jazar, deu uma entrevista à La Gazzetta Dello Sport na qual aborda como é treinar a seleção de uma nação em guerra que não joga em casa desde 2019 (os jogos são em Doha).
"É o trabalho mais difícil do futebol mundial. Sabe o que mais tememos? Os nossos telemóveis. Ao voltar para o balneário, verificar as notificações tornou-se uma fonte de ansiedade. Pode chegar uma mensagem a anunciar a morte de um amigo ou familiar. Perdi mais de 250 pessoas entre familiares, amigos e colegas. Quanto mais sofrimento o mundo precisa testemunhar para que esses massacres parem? Somos a voz do povo. Cada mensagem que enviamos através do futebol faz parte de uma luta maior: a luta pela liberdade. Através do futebol, queremos mostrar que a imagem que Israel projeta é falsa. Cada jogo é uma prova das nossas raízes, da nossa força e do nosso direito de viver com dignidade e segurança", relata.
"O campeonato local está suspenso há anos, não existem competições juvenis e 774 membros do desporto palestino morreram, entre jogadores, treinadores e dirigentes. Cada convocatória é uma odisseia, recorrendo a futebolistas emigrados ou agentes livres que treinam fora. Treinar a Palestina vai além do desporto. É contar ao mundo a nossa dura experiência e transformar a dor em força. Treinar a Palestina é uma forma de resistência", completa.