Seleção sub-17: a multidão depois do deserto... com uma superstição pelo meio

Portugal fez a festa no Catar
EPA
Portugal prepara a festa para a chegada da Seleção sub-17, hoje. A equipa será condecorada pelo Presidente da República, às 14h30, e homenageada na Cidade do Futebol
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Depois de ter conquistado o Mundo, a Seleção Nacional de sub-17 aterra este sábado, ao início da tarde, em Lisboa. Os jovens portugueses serão recebidos e condecorados pelo Presidente da República, no Palácio de Belém, por volta das 14h30. A comitiva segue depois para a Cidade do Futebol, onde será homenageada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), às 15h30, na Praça dos Heróis. Pedro Proença convidou os adeptos a estarem presentes para celebrarem a conquista do Campeonato do Mundo.
Antes de regressar a Portugal, a Seleção fez ontem, por fim, um passeio pelo deserto do Catar, que tinha sido adiado por superstição. As famílias dos jogadores tinham pedido para que estes não fossem visitar as areias cataris, uma vez que as equipas que o fizeram foram eliminadas na ronda seguinte. Os portugueses deixaram para depois da conquista esta atividade de lazer, que durou quatro horas. Os jovens foram divididos em dois grupos, porque alguns jogadores preferiram outra areia, a da praia, e foram acompanhados por responsáveis federativos, alertados para o facto de, no Catar, os turistas menores terem de estar na presença de maiores de idade. A comitiva explorou uma paisagem única, na qual as águas do mar abraçam as dunas. Um descanso merecido para os campeões mundiais, depois de uma competição dura e longa, que permitiu juntar ao Europeu conquistado este ano a coroa mundial.
Na final, frente à Áustria (1-0), Anísio Cabral foi o herói, marcando o golo decisivo e levando para casa a Bota de Prata, atribuída ao segundo melhor marcador da prova, após sete golos em oito jogos, mas não foi o único a ser individualmente premiado. Mateus Mide foi considerado o melhor jogador, Romário Cunha o melhor guarda-redes e Mauro Furtado o homem do jogo na final, bem como o terceiro melhor futebolista da prova.
A equipa recolheu elogios de praticamente todo o mundo futebolístico português. Hélio Sousa, treinador da última geração vencedora no escalão (Europeu 2016), em declarações à agência Lusa, destacou a conquista como sendo "tão ou mais importante" que a do Mundial sub-20 de 1989."Cada vez as coisas acontecem mais cedo. É sempre importante a afirmação do nosso jogador jovem para que o investimento nele tenha continuidade", disse o técnico, agora selecionador no Kuwait, que até assistiu ao encontro decisivo no estádio, devido a um estágio que a seleção que dirige está a fazer em Doha. "Tivemos sempre um grande controlo e um sentimento de segurança de que iríamos sair vencedores", frisou, elogiando jogadores que "querem ouvir, perceber, receber informação e tentar ser melhores".
O técnico considera que, desde 2011, todos os escalões jovens formaram talento que desaguou na Seleção principal. "A partir dessa geração, todas acabaram por dar jogadores à Seleção Nacional. Alguns mantiveram-se como peças fundamentais nestes últimos 15 anos. Quase todas as gerações tiveram presenças em fases finais dos Campeonatos da Europa de sub-17 ou de sub-19. Essas presenças são muito importantes para o desenvolvimento dos nossos jogadores", concluiu.
Também Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense, e Hugo Oliveira, técnico do Famalicão, deixaram palavras elogiosas aos campeões mundiais. "Fizeram algo de fantástico, que nos enche de orgulho. Significa que há muita coisa a ser bem feita no nosso futebol", disse o técnico dos cónegos, enquanto o timoneiro dos famalicenses assinalou o "momento fantástico". "É a demonstração do trabalho na formação do futebol português. Sei como trabalham as pessoas naquela casa e quero deixar um forte abraço para o Bino e para todos os técnicos que participaram na conquista", rematou.
Bino com contrato até 2026
Depois de terminar a carreira de jogador no Moreirense, em 2009, Bino Maçães sagrou-se campeão do Mundo como selecionador dos sub-17. O técnico tem contrato até ao final desta época desportiva, mas este costuma ser renovado anualmente, de forma a acompanhar o progresso das novas geração de jogadores. Como jogador, Bino esteve presente no segundo melhor desempenho no Campeonato do Mundo do escalão, um terceiro lugar, em 1989. Agora, com 52 anos, o treinador que passou por Vitória de Guimarães, onde foi interino na época 2020/21, e União de Leiria, na temporada seguinte, bem como pelo escalão de formação do FC Porto, escreveu uma página histórica como selecionador nacional.
